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La insignia
24 de outubro de 2004


Não tropece na língua


Vírgula, crase e outras dúvidas


Maria Tereza de Queiroz Piacentini (*)
Língua Brasil, outubro de 2004.


-Está correto usar vírgula no caso abaixo: "Nem a guerra, nem as drogas."
-Karina Lapido, Taubaté/SP-

Está correto. Com a conjunção nem repetida, a vírgula é optativa. Exemplos de uso:

- Nem isso nem aquilo.
- Não vi nem um nem outro.
- Não queremos nem a guerra, nem as drogas, nem a desigualdade.

-A vírgula invariavelmente substituirá o verbo no caso de sua implicitude? Tenho minhas dúvidas. As frases a seguir são todas corretas?
Eu sou belo; ele não.
João derrotou José. Lucas, Manoel.
A verdade dos fatos não pode ser contestada; seu contexto, sim. (ou "seu contexto sim"?)
-Márcio S. Fontes, Florianópolis/SC-

A vírgula não precisa obrigatoriamente tomar o lugar do verbo subentendido, isto é, quando há elipse, supressão verbal. A vírgula só é obrigatória no caso de ambigüidade, como sublinhava o gramático Celso Luft. Vamos aos exemplos indicados:

1) Eu sou belo; ele não.

Frase correta. Não só a vírgula seria excessiva, dada a pequena extensão da frase ["ele, não"], como também seria desnecessária porque o verbo apareceria depois do "não": ele não [é]. Aí não se trata exatamente de vírgula no lugar de verbo elíptico. Em vez do ponto-e-vírgula também se poderia usar o conectivo 'e': "Eu sou belo e ele não".

2) João derrotou José. Lucas, Manoel.

Vírgula necessária, pois sem ela entenderíamos "Lucas Manoel" como um nome só.

3) A verdade dos fatos não pode ser contestada; seu contexto, sim ou seu contexto sim. A vírgula antes de sim não está errada, mas tampouco é necessária.

-Minha dúvida tem a ver com o uso de já em frases como: "Já a senadora Heloísa Helena recusa-se a apoiar Sarney." Ou: "Já o líder do PSDB afirma que..." O já aí não me parece que seja advérbio. É o quê?
- Nair Resende, São Paulo/SP-

Já, além de advérbio, pode ser conjunção coordenativa de duas modalidades: alternativa e adversativa. Por exemplo, numa frase como "Já chateada, já raivosa, quedou-se na rede", é conjunção alternativa. Nos dois casos da consulta, tem sentido adversativo, como se fosse: - Mas a senadora / No entanto, a senadora Heloísa Helena recusa-se a apoiar Sarney. - Por outro lado, o líder do PSDB afirma que não apoiará ninguém.

-Constantemente esbarramos em uma dúvida literalmente cruel em nossas redações: a teor do exposto ou ao teor...?
-Márcia Bittencourt, Brasília/DF-

O correto é a teor de, já que o a é simples preposição, como nas locuções "a exemplo de" e "a serviço de".

-Tenho visto em diversos acórdãos dos tribunais pátrios a expressão "à toda evidência" ora com crase, ora sem. Afinal, qual é a forma correta?
-Glacir, Florianópolis/ SC-

O correto é sem crase: a toda evidência.

-Agora pergunto-lhe: Quando mulheres fazem um abaixo-assinado o certo é: "As abaixo-assinadas"?
-Valéria C. Barbosa, São Paulo/SP-

Sim, Valéria, basta não haver nenhum homem na lista/reivindicação para ela ser introduzida por um "As abaixo assinadas". Note que não se coloca hífen neste caso - ele só vai no substantivo: "Fizemos um abaixo-assinado".


(*) Diretora do Instituto Euclides da Cunha e autora dos livros "Só Vírgula", "Só Palavras Compostas" e "Língua Brasil - Crase, pronomes & curiosidades" (www.linguabrasil.com.br)



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