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28 de agosto de 2004 |
Fausto Wolff
Das 1001 Noites de Fausto Wolff, a ser publicado em abril de 2004 pela Bertrand Brasil, algumas das 1001 histórias. Começaremos com duas e acrescentaremos uma história por semana. Publicaremos também alguns poemas do livro Gaiteiro Velho, que deverá sair ainda este ano. Em edição passada da Feira do Livro de Porto Alegre, uma das maiores do mundo, Cem Poemas de Amor e Uma Canção Despreocupada foi escolhido o melhor livro de poesias pelo juri popular.
Com as palavras, Fausto Wolff. Gosto muito de trailers. Graças ao controle remoto (play forward) sou capaz de ver um filme daqueles idiotas de perseguições automobilísticas e explosões em cinco minutos. Pois - e olhem que me deu um trabalhão enorme para editar isso - aí vai um trailer dos meus dois últimos livros - Gaiteiro Velho, de Poesias e As 1001 Noites de Fausto Wolff, uma experiência literária que vai desde a Idade do Gelo até o Fim do Mundo, que pode ter sido ontem e neste caso vocês não estarão lendo este meu intróito que se pretende sem dor. O Gaiteiro Velho teve lançamento nacional dia 29/11/03 em Foz do Iguaçu, no Festival Internacional do Humor. As 1001 Noites será lançado em breve. Bom proveito. - 28 - Nos anos oitenta, Umberto Eco achava que deus, para muitos, era o Super-Homem, também conhecido como Sidney Rezende ou Aroeira. Quando o Super apareceu nos anos 30 não foi difícil acreditar nele, pois podia ser provado cientificamente. Vinha de outro planeta, cuja gravidade era diversa da nossa e daí os super poderes. Hoje ele seria o Homem Aranha. A seriedade com que ambos os filmes foram aceitos pela crítica, pelo público e o dinheiro que arrecadaram (arrecadam), faz muita gente crer que o H-A é o filho do HOMEM. A Igreja andou assustando o poder há alguns anos com a teoria da Libertação mas Vojtila logo deu um puxão de orelhas nos que levaram as palavras de Jesus a sério, mexeu uns pauzinhos aqui e ali e Deus voltou a tornar-se sócio do mercado. Seja para matar palestinos e afegãos e iraqueanos, para roubar eleições, para cobrir a cara das mulheres talibãs, para tirar dinheiro dos pobres, para colocar dinheiro nos bolsos dos vigaristas da fé, Deus continua sendo um grande negócio. Isso para ficarmos apenas no mundo ocidental onde Deus se distingue da sua criatura. Se entrarmos, porém, no mundo oriental onde criador e criatura se confundem, teremos maharishes, pastores moons e outros gurus faturando em cima dos trouxas. - 27 - Nilton Fernandes cobria para a UPI o campeonato de xadrez em Reykjavik, Islândia e disputado por Spasski e Fischer. Depois de uma partida, um colega italiano apresentou-o ao jornalista Erik Ulfson que adorava o Brasil e convidou-o a jantar na sua casa. Depois do jantar, Erik que era casado, tinha mulher e dois filhos pequenos, convidou-o para tomar uma sauna. Nilton disse-lhe que não trouxera calção de banho e o casal riu muito. Alguns minutos depois, Erik, mulher e filhos já estavam pelados. Nilton também ficou nu e acomodou-se num canto da sauna rezando para que a parte mais indiscreta do seu todo não cometesse nenhuma indiscrição, pois a mulher de Erik era uma daquelas Valquírias que deixariam Wagner muito excitado. Depois da sauna, ainda nus, insistiram para que o jornalista brasileiro bebesse mas ele retirou-se na primeira oportunidade. No dia seguinte encontrou o jornalista italiano:
- Falei com Erik e ele me disse que sua mulher estava a fim de trepar contigo e que você se arrancou. Alguns anos depois Erik tentou se matar após encontrar a mulher na cama com um sujeito a quem ele não dera permissão para ela transar. Um mexicano, por sinal. Do Gaiteiro Velho Breve Perpétuo
Ninguém me deve nada. 29 O aristocrata latifundiário era feio, desdentado e fedorento. Parecia um daqueles monstros que fazem figuração nos quadros de Bosh. Aos quinze anos fudeu uma prostituta e depois chorou muito. Rico e famoso, casou-se aos 34 anos e teve treze filhos com sua mulher. Considerava-se um canalha por causa do apetite sexual insaciável. Pensou até em suicidar-se mas desistiu ao tornar-se cristão. Escreveu: "Descobri que a fé em Deus pode dar um sentido à existência do homem e unir as pessoas numa fraternidade de justiça e amor universais." Seu credo pessoal passou a ser "O Sermão da Montanha" que vivia citando aos camponeses: "Parem de fuder, seus pecadores!" - bradava. Passou a usar roupas de camponês, a fazer trabalhos braçais e chegou a pensar em abrir mão de suas propriedades que eram muitas e passar os direitos de suas obras - eu não disse que ele era escritor? - para o domínio público. Quando sua mulher - que chegou a copiar treze vezes sua imensa obra prima, soube de suas intenções, acusou-o de ser homossexual. Ele, que já tinha oitenta anos àquela altura, teria dito: "Homossexual é o pobre do Tchaikovsky mas bem que eu gostaria de me livrar dessa sede interminável." Considerado um santo por seus empregados e seguidores, jamais praticou a castidade que recomendava aos outros. Além de comer a mulher, comeu todas as criadas, as parentas, as admiradoras, e camponesas que apareciam à sua frente. Teve mais de vinte filhos ilegítimos. Sentia uma culpa terrível. Dizia: Vejo as mulheres como um mal social necessário mas procuro evitá-las o mais que posso." Não procurava tanto, pois quando não estava escrevendo, estava fudendo o que quer que usasse saias e não fosse escocês nem padre. Fudia e sofria, fudia e chorava, fudia e rezava, fudia e se arrependia, fudia e se penitenciava mas não parava de fuder este gênio sacana que foi Leon Tolstoy e ao qual a humanidade e a arte tanto devem. - 30 - O homem chegou no consultório da psicanalista no limite. Suava frio, tinha tremores nas mãos e mania suicida. A psicanalista depois de ouvi-lo explicou-lhe que seus sintomas eram produto de mal resolvido ódio do pai e mal resolvida paixão sexual pela mãe. Depois de um ano de interpretação de sonhos, a psicanalista deu seu trabalho por encerrado: - Acho que já podemos finalizar o tratamento. O senhor está curado. - Estou mesmo. Não tenho mais sintomas, não quero mais me matar, acabaram os suores e os tremores, minha vida sexual com minha mulher e a relação com meus filhos não poderiam ser melhores. - Só por garantia, diga-me como é atualmente o seu dia a dia. - Saudável rotina. Acordo, tomo banho, como um rato. Vou para o trabalho e almoço um rato. No fim do expediente me reuno com os amigos num bar e bebo cinco chopes, vou para casa, tomo banho, converso com as crianças, como um rato, escovo os dentes, faço amor com minha mulher . No dia seguinte a mesma coisa. - Está tudo muito bem mas esses chopes à tardinha me preocupam. - Não se preocupe, doutora. Nunca passo de cinco. - Então está certo. Passe bem, siga a rotina mas não abuse. - 31 - Quando Sartre esteve no Brasil, o chefe de reportagem do Diário da Noite mandou o único repórter que falava francês decentemente para entrevistá-lo. O rapaz que não era exatamente brilhante, bolou uma frase de efeito. No meio da entrevista coletiva no Hotel Glória perguntou em francês sem acento: - O senhor acha que o existencialismo sobreviverá? Sartre olhou para o moço por um meio minuto, quase eternidade, e perguntou: - A quê? Todos os presentes caíram na gargalhada e o jovem repórter retirou-se envergonhado para voltar correndo cinco minutos depois Fez caminho entre os representantes da imprensa e quando estava bem na frente de Sartre, disse em alto e bom som: - O senhor sabe que a sua mulher trepa com um repórter de Chicago chamado Nelson Algreen? E era verdade. - 32 - Dizem que a rainha Elizabeth morreu virgem mas não é verdade. O conde Roberval Greenbridge passou anos tentando comê-la e tanto a cobria de flores e presentes exóticos, tanto a encheu que um dia ela o convocou à sala do trono. A sós, perguntou-lhe: - Greenbridge você quer mesmo me comer? - Quero majestade. É o meu maior sonho. Para realizá-lo daria a minha vida. Uma dama de companhia conduziu o nobre aos aposentos de Elizabeth. À meia luz, ela tirou a peruca - era completamente careca - tirou as luvas - tinha seis dedos em cada mão - e finalmente o olho esquerdo que era de vidro. Nua, o bagulho real perguntou: - Vamos Greenbridge? Embora meia bomba, o conde cumpriu a sua obrigação e na tarde seguinte foi escoltado até a Torre de Londres onde lhe cortaram a cabeça. |
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