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La insignia
20 de março de 2007


Brasil

O biodiesel, segundo Sachs


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, março de 2007.


Ao longo das últimas décadas, o economista polonês-brasileiro-francês Ignacy Sachs se transformou não apenas no maior especialista no que se poderia denominar de nova economia agrária, como em uma fonte permanente de bom senso e de pensamento não dogmático.

Perto dos oitenta anos, Sachs conviveu com os maiores economistas do século, foi assessor de Michel Kalecky e trabalhou com os pioneiros que, no pós-Guerra, ajudaram a moldar a era de ouro do capitalismo.

Defensor intransigente de uma economia do campo (que vai além da atividade agrícola propriamente dita), Sachs está de volta ao Brasil, onde mantém um apartamento em Higienópolis.

De sua última visita até agora ocorreram mudanças fundamentais no panorama do Etanol e do Biodiesel. Inclusive a descoberta do tema por grandes investidores internacionais.

Sachs sustenta que o Brasil está em uma corrida contra o relógio. Se não definir regras claras para os novos investimentos, haverá risco concreto da imposição de um modelo calcado exclusivamente na avaliação econômico-financeira, com pouca geração de emprego e distribuição de renda.

Em sua opinião, o Estado deveria intervir e licitar as novas usinas (especialmente em biodiesel) de acordo com critérios mais amplos do que o econômico-financeiro. Seu receio maior é que, sem a definição de uma política rápida, a soja acabe dominando o biodiesel criando uma situação irreversível.

Seriam os seguintes, os critérios a serem atendidos:

Critérios ambientais:

- Efeito sobre os gases estufa;
- Produtividade (quanto maior a produtividade, menor a pressão sobre as terras da alimentação; na cana e no óleo dendê, são seis mil litros por hectare; na soja, menos de mil);
- Demanda por recursos hídricos. Há atualmente uma série de novos estudos sobre "água virtual", ou seja, quanta água é necessária no processo de produzir um produto.

Critérios sociais:

Há um emprego direto na soja por 200 hectares, um emprego direto no dendê por 10 hectares, e assim por diante. Esse dado tem que ser considerado para a aprovação de novos projetos.

A OPEP do álcool

Sachs considera loucura a idéia de que o Brasil pretenderá exportar todo o biocombustível e ser a Arábia Saudita do álcool. Há um estudo da Unicamp sobre a multiplicação do canavial brasileiro por seis (de cinco a 30 milhões de hectares), o que satisfaria 10% da gasolina mundial. Para ele parece duvidoso por várias razões. O primeiro é que se replicaria um modelo social desastroso. Depois, porque 30 milhões de hectares é uma França agrícola e meia - há 20 milhões de hectares na França, que é uma potência agrícola.

Pesquisa tecnológica

Outra preocupação é com a pesquisa tecnológica. O Brasil sai na frente na corrida do álcool. Tem que se que ter um programa de pesquisa, e há uma sinalização extremamente positiva por parte do Governo em criar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em bioenergia. Porém - lembra ele - o orçamento da agroenergia da Embrapa deverá ser de R$ 50 milhões por cinco anos, que eles esperam dobrar com recursos privados. E o departamento da agricultura norte-americano está investindo US$ 1,5 bilhão no problema da bioenergia.

Alimentos 1

Lester Brown, um dos mais conhecidos ambientalistas americanos, fala do embate histórico entre 800 milhões de proprietários de automóveis e os dois bilhões de estômagos vazios. Segundo Sachs, há muita demagogia por parte dos ambientalistas, porque os estômagos vazios, hoje em dia, são por falta de dinheiro, não de alimentos. E há um enorme potencial da integração da pecuária com agroenenergia.

Alimentos 2

Na cana de açúcar, por exemplo, há sempre 1/5 de terras em renovação, permitindo plantas que servem de Ração. Nas oleaginosas, o óleo e as montanhas de tortas de farelos produzidos significam integração entre pecuária e agroenergia. Há um potencial de recuperação de áreas degradadas com plantas oleaginosas, robustas, etc. Sem contar o pinhão manso, que tem trazido grandes resultados na Índia.

Preservação ambiental

Na Amazônia, há mais de 600 mil quilômetros desmatados. Segundo Sachs, a melhor política seria promover reservas de desenvolvimento nas áreas destruídas, e atirar em quem quer entre na floresta primária. A questão é caminhar para um modelo alternativo, com desenvolvimento socialmente includente e ambientalmente sustentável no campo. Para tal, tem que haver seleção de investimentos.

Emprego industrial

Segundo o IEDI, o resultado da pesquisa de emprego industrial do IBGE referente ao mês de janeiro mostra melhoria. O emprego na indústria voltou a aumentar na comparação de janeiro/2007 com dezembro/2006 (na série com ajuste sazonal), após três meses de retração. Na evolução em 12 meses do emprego industrial constata-se, claramente, uma recuperação do número de pessoas ocupadas no setor. Mas ainda em ritmo lento.

China 1

A reunião do Parlamento chinês, na sexta passada, admitindo claramente os problemas de desenvolvimento desigual, as disparidades sociais e regionais, o excesso de liquidez da economia, a defesa da propriedade privada e a taxação maior dos capitais externos, mostra que, depois de anos de desmonte da velha China, o governo começará, agora, a trabalhar na construção da nova. E tem um trabalho ciclópico pela frente.

China 2

Os maiores problemas são:

1. Questão social, com o desmanche do modelo anterior, calcado nas estatais, e a não criação de uma rede de proteção social.

2. Problema agrário, com a terra dividida em micro-propriedades sem grande produtividade. 3. Desigualdade regional, com o governo não mais conseguindo segurar nem a ânsia de crescimento das províncias nem o êxodo rural.

4. Um meio ambiente totalmente degradado.



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