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La insignia
8 de marzo de 2007


Brasil

A pauta para o álcool


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, fevereiro de 2007.


A montagem de um programa brasileiro que permita ao país consolidar-se na liderança da bioenergia passa por um conjunto de pontos abrangentes. Nesse sentido, o Summit do Etanol, que ocorrerá em julho em São Paulo, poderá ser o fórum adequado para aprofundar esses temas:

1. Questão tecnológica.

O Brasil sai na dianteira graças às conquistas tecnológicas da Embrapa e às pesquisas do próprio setor sucro-alcooleiro. No momento, há ampla vantagem do álcool de cana sobre os concorrentes. Mas as grandes potências estão começando a acelerar seus programas de pesquisas, especialmente em torno da aposta no álcool celulósico. No Cenpes (o centro de pesquisas da Petrobrás) há ainda quem aposte no hidrogênio como o grande combustível daqui a quinze ou vinte anos. Por isso mesmo, o sistema de pesquisa e inovação têm que entrar de cabeça nessa discussão, através da coordenação do Ministério de Ciências e Tecnologia, e da canalização de verbas dos fundos tecnológicos para pesquisa aplicada.

2. Geopolítica do álcool.

Um eventual acordo com os Estados Unidos poderá resultar em ganhos expressivos para o país se houver clareza sobre nossos interesses, ou em perda da liderança na bioenergia, se não houver foco. Os EUA são fundamentalmente consumidores; o Brasil, basicamente produtor. Ao consumidor interessa preços baratos; ao produtor, preços elevados. Esse paradoxo terá que ser resolvido com concessões dos EUA, para reduzir sua dependência do petróleo, e convencer o Brasil a abrir mão de sua vantagem estratégica atual por uma atuação compartilhada.

Havendo coordenação interna, o Brasil teria condições efetivas de montar grupos de empresas (nas áreas de produção do álcool, de máquinas e equipamentos, de tecnologia agrícola) para avançar em territórios promissores, como o norte da África, norte da Argentina, Bolívia, América Central.

Até que ponto uma aliança com os EUA comprometeria essas possibilidades? Até que ponto pode-se abrir mão da aliança e ter a garantia de que haverá competência interna - governo e setor privado - para um papel de liderança?

3. Conflito energia x alimentos.

Há uma competição clara entre alimentos e energia. Quando os preços dos energéticos sobem, essas culturas ocupam espaço dos alimentos; e vice-versa. Se os preços internacionais do álcool dispararem, poderão afetar os preços dos alimentos internos. Esse é um desafio grande, que terá que ser solucionado o mais rapidamente possível, seja com zoneamento agrícola ou com taxas que permitam equalizar os preços sem explodir o preço dos alimentos, e sem comprometer a rentabilidade do álcool.

4. Política industrial.

Um dos grandes desafios brasileiros será converter sua liderança atual em ganhos efetivos para os setores e para o país. As vantagens competitivas, além de terra e tradição, estão nas pesquisas da Embrapa e na tecnologia da indústria de base, que desenvolveu usinas de esmagamento multi-grãos. Numa primeira etapa, haverá enorme demanda interna pelos equipamentos. Mas haverá também enorme demanda internacional. De alguma forma, terá que se analisar a capacidade do aumento da produção dessas empresas, através de abertura de capital ou de mecanismos de indução.


O PIB em 2007

Segundo análises do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a indústria brasileira vem mantendo um desempenho levemente superior à média do ano passado (2,9%). Mas a aceleração é pequena e ainda está na casa dos 3% a.a. ou um pouco mais. Significa que, pelos primeiros sinais, o crescimento de 2007 provavelmente não conseguirá ser significativamente superior ao dos anos anteriores.

PIB e Copom

Segundo o IEDI, se o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) tivesse acertado o cenário que os números agora demonstram, não teria reduzido o ritmo de corte da taxa básica (Selic), como o fez em janeiro, retraindo a queda para apenas 0,25 p.p., contra reduções anteriores de 0,5 p.p. Cada erro desses tem um custo enorme ao país, em queima de empregos e de riqueza. Mas esses erros não são cobrados.

Café explode

Entre março de 2006 e fevereiro de 2007, as exportações de café registraram a maior receita da história. Foram 28 milhões de sacas de 60 Kg, com receita de US$ 3,4 bilhões. Em fevereiro foram exportadas 2,1 milhões de sacas, com receita de US$ 284 milhões, 25,7% maior do que a do mesmo período do ano anterior. O principal importador foi a Alemanha, que depois beneficia o café e agrega valor.

Pipoca - 1

Uma das decisões mais curiosas dos órgãos de defesa da concorrência foi impedir que o Cinemark proibisse pessoas de trazer pipoca de fora. A alegação é que pipoca não faz parte da receita tradicional de cinema, motivo pelo qual não poderia impedir a entrada da concorrência. Na verdade, nos conceitos modernos de negócio, o "ativo" que uma empresa tem é o "ponto", o público. A isso se chama "fundo de comércio".

Pipoca - 2

Para as grandes redes de cinema, vender pipoca cara faz parte da lógica financeira do negócio cinema, inclusive para enfrentar outras mídias, como o videocassete e a TV a cabo e, em breve, a Internet. Mas que a rede Cinemark mete a faca no preço da pipoca, ninguém discute. Ainda bem que não é pré-condição para assistir o filme. Se bem que enfrentar os olhos gulosos dos filhos é uma forma de coação irresistível.

Tecnologia

Ao proteger todas as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do contingenciamento orçamentário, o governo federal quis dizer que todas os demais itens estão mais sujeitos ainda ao contingenciamento. Nesse bolo entraram os fundos para pesquisa e tecnologia, setor crucial para o desenvolvimento do país. O cobertor curto deixado pelos juros sempre descobre partes importantes.



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