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La insignia
7 de junho de 2007


Espanha

ETA rompe a trégua


Carla Guimarães
La Insignia. Espanha, junho de 2007.


A banda terrorista ETA anuncia a ruptura da trégua com o governo espanhol a partir da meia noite do dia 5 de junho. No comunicado publicado pelo jornal vasco Berria, ETA diz que o discurso do presidente Zapatero é "facista" e que as últimas eleições municipais que tiveram lugar no mês de maio na Espanha foram "anti-democrátricas".

A partir deste momento as forças policiais espanholas se reforçam e se preparam para a iminência de um atentado terrorista. Desde o último mês de dezembro, quando ETA explodiu uma bomba no terminal T4 do aeroporto madrilhenho de Bajaras, matando a dois imigrantes equatorianos que trabalhavam neste terminal, a imprensa e o governo já davam a trégua por terminada.

Provavelmente todos os meios de comunicação irão remarcar os passos dados durante esta trégua, porém, neste artigo, vamos enfocar esta ruptura desde outro ponto de vista. Vamos remarcar a necessidade dos diferentes grupos políticos espanhóis, de todos os tipos e cores, e dos governos democráticos dos países que possuem relações diplomáticas com a Espanha, de apoiar ao governo espanhol e deixar claro que nenhuma força que atúe fora do estado de direito tem espaço dentro da nossa democracia.

O sistema que trouxe mais resultados para os direitos humanos nos últimos séculos foi a democracia na qual vivemos atualmente. Uma democracia que falha em uma infinidade de aspectos e que é melhorável em muitos outros, porém um sistema que com a evolução dos tempos permitiu o voto femenino, a luta contra o racismo, a constituição de direitos do trabalhor, o matrimônio homosexual em alguns países, etc. O grupo terrorista ETA, ao romper a trégua, rompe com toda a possibilidade de participar no cenário político do País Vasco dentro das regras democráticas e opta por seguir atentando contra um dos direitos fundamentais do homem: o direito a vida.

É importante informar aos cidadãos de outras nacionalidades que ETA nasce durante a repressão da ditadura espanhola e luta pela independência do País Vasco, que é atualmente uma comunidade autônoma dentro do estado espanhol. Uma vez chegada a democracia na Espanha, ETA segue existindo e atentando, apesar de que atualmente o País Vasco é uma das comunidades autônomas mais ricas dentro da Espanha, que possui uma grande atonomia de governo, que a língua e a cultura vascas são ensinadas e defendidas pelas suas instituições públicas e que a comunidade é governada por um partido nacionalista vasco (PNV) eleito por via democrática. Ou seja, que toda a repressão e perseguição da ditadura franquista já não existe (por falar nisso, uma repressão que perseguiu ferozmente a todos os espanhóis que estavam contra o governo de Franco, não somente os nacionalistas vascos). Com isso, não quero advogar contra a independência do País vasco, mas sim expressar que, dentro da atual democracia, esta independência deveria ser defendida pelas vias legais e pelas urnas, com o consentimento dos cidadãos vascos, e não através das armas, dos assassinatos e da intimidação.

A insistência de alguns grupos e pensadores da esquerda mundial em defender a um grupo terrorista como ETA e classificá-lo como "grupo independentista" é um erro fatal. Da mesma maneira como alguns setores da esquerda espanhola defenderam ao grupo terrorista peruano Sendero Luminoso que acabou provando ser um grupo sanguinário e cuja existência provocou incontávéis e brutais mortes de, na grande maioria, simples camponeses andinos. Mortes também geradas pelos grupos militares e para-militares apoiados pelo governo do Perú... Enfim, uma sangria desatada onde é muito complicado definir e nomear, ao puro estilo norte-americano, os mocinhos e os bandidos, porque talvez no mundo de hoje toda esta classificação seja simplista e muito matizável. A única certeza, até o momento, é que dentro do atual estado democrático no qual vivemos, a melhor alternativa e a opção mais humana seja a de jamais defender as idéias utilizando as armas. E é isso o que o governo espanhol, os partidos políticos espanhóis e todas as forças políticas dos países que tenham relações diplomáticas com a Espanha devem deixar claro aos terroristas.


(*) Carla Guimarães, dramaturga brasileira, reside atualmente em Madri (Espanha) e colabora como jornalista para diferentes meios.



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