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La insignia
7 de fevereiro de 2007


Brasil

Os malabarismos do Copom


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, fevereiro de 2007.


O caderno de Economia do "Estado de São Paulo" de sexta-feira passada apresentou um infográfico de puro jornalismo sobre a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). As decisões do Copom mexem com o país. Determinam o ritmo do crescimento, o tamanho da dívida pública, o nível do emprego.

Dois dias após o anúncio do Pac (Plano de Aceleração do Crescimento), o Copom jogou um balde de água fria no país, ao decidir reduzir o ritmo de queda da taxa Selic, de meio ponto para 0,25 ponto percentual.

Quais as razões que levaram a essa decisão? Segundo a síntese perfeita do "Estado":

Sobre a economia internacional

PING - Permanece favorável, mas apresenta novas fontes de incerteza.
PONG - Não explica quais as novas fontes de incerteza. Afirma que o cenário externo favorável foi reforçado nas últimas semanas pela queda expressiva dos preços do petróleo.

Sobre Crescimento x demanda

PING - Há sinais de demanda aquecida.
PONG - A atividade econômica ainda não sugere uma demanda elevada de presses significativas sobre a inflação de curto prazo. A despeito da recente expansão da demanda agregada, que deve continuar nos próximos trimesters, ainda n se antecipam descompassos significativos entre oferta e demanda que possam determiner desvios de inflação.

Sobre projeções de IPCA

PING - As pressões sobre a inflação de curto prazo terão impacto concentrado no segundo semestre de 2007 e progressivamente em 2008.
PONG - As projeções do IPCA recuaram ainda mais e prosseguiram abaixo do centro da meta de 4,5%. Para 2008 também caíram.

Sobre inflação

PING - Um conjunto de pressões de preços atinge a economia em um momento em que a demanda doméstica se expande a taxas robustas.
PONG - Em que pese a recente aceleração inflacionária, o cenário mais provável é que a inflação continue evoluindo de maneira a que a meta continue sendo cumprida. As pressões de curto prazo tendem a ser transitórias.

Ou seja, a Ata justifica qualquer decisão dos membros do Copom. Justifica queda mais acentuada dos juros, queda mais branda, manutenção dos juros. As afirmações sobre eventuais pressões inflacionárias não são acompanhadas de previsões quantitativas.

Quando o Copom investe contra o PAC, alertando que o aumento dos gastos públicos mais a "provável" redução do superávit poderá pressionar a demanda, sequer se dá ao trabalho de anunciar o peso dessas mudanças. Se o gasto público aumenta em um real, teoricamente esse um real a mais terá um peso adicional sobre a demanda interna. Mas um peso totalmente irrelevante. A ata do Copom se limita a generalidades, obviedades, sem arriscar a quantificar, sequer anunciar os grandes números dessas supostas mudanças nos gastos públicos.

Quando o Copom anunciou a redução do ritmo de queda da Selic, alertei aqui que era uma demonstração de força, para mostrar ao presidente da República quem manda. Dois dias depois do PAC, poderiam ter derrubado a Selic em até 0,75 e, se fosse o caso, reduzirem a taxa nas próximas vezes.

Agora, cada presidente tem o Copom que merece. E esse Copom não é de Henrique Meirelles. É do Lula, pessoal indicado por ele e apoiado por ele. Azar o nosso. E azar o dele.


Bush e os juros (I)

Jantar em Washington. Do lado brasileiro, o presidente Lula e os ministros José Dirceu e Antonio Palocci. Do lado americano, o presidente George W. Bush e assessores. Dirceu começa a expor os fundamentos da política econômica brasileira, sendo traduzido por um intérprete. Quando menciona a taxa de juros básica da economia, algo como 16 ou 17% ao ano na época, Bush balança a cabeça e chama a intérprete.

Bush e os juros (II)

Conversa com a intérprete, balança a cabeça, ela vai até Dirceu e pergunta o nível da taxa novamente. Aí Palocci entra na conversa e passa a discorrer, em inglês, sobre o controle das contas públicas e bate na taxa Selic. Quando reafirma o nível da taxa, Bush dá-se conta de que não tinha sido engano da intérprete, começa a rir. Em Wall Street o pessoal ria também, mas pelo menos disfarçava.

Acompanhamento do PAC

Na próxima semana será constituído o primeiro Grupo de Trabalho para acompanhar as metas de infra-estrutura do PAC. Um dos maiores sustos de algumas fontes do Palácio foi dar-se conta, na véspera do anúncio, que o presidente estava assinando com o próprio sangue (porque em cerimônia pública) o compromisso com as obras listadas. Não deu tempo de voltar atrás. Agora, toca a trabalhar para não dar o calote.

Novo CDES

Nos próximos dias serão definidos os novos conselheiros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Com a decisão de envolvê-lo no acompanhamento do PAC, o Conselho ganhará nova relevância. Nos primeiros quatro anos, foi importante para ajudar a convencer Lula a se desvencilhar do modelo Palocci de estagnação. No segundo será importante para o acompanhamento das promessas do PAC.

Novo partido

Perderam embalo as articulações para a constituição de um novo partido de centro-esquerda, com políticos do PT, do PSDB e do PMDB. A idéia ficou forte após as eleições, quando não se tinha idéia de como Lula iniciaria o governo. Com o fortalecimento de Lula, ficam engavetadas. O PSDB continuará indefinido pelo menos até as próximas convenções, com a saída do atual presidente Tasso Jereissatti.

Bandeiras

Lula se apossou definitivamente da bandeira social, que foi deixada de lado no governo FHC. Mas abriu mão da bandeira do desenvolvimento. O novo partido terá que trabalhar simultaneamente a questão do desenvolvimento, a social e a gestão. Presidenciável será o que conseguir juntar o melhor de Lula, José Serra e Aécio Neves. Junto à militância do PT, o candidato mais forte ainda continua sendo Ciro Gomes.



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