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La insignia
19 de abril de 2007


Brasil

A ciranda do dólar


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, abril de 2007.


Aparentemente vai-se chegando à paz dos cemitérios na questão cambial. Há no ar o conformismo com a situação, a certeza de que nada será feito no curto prazo para reverter esse câmbio. E que a situação internacional é suficientemente favorável para dar que se mantenha por anos essa loucura, antes que venha a próxima crise nas contas externas.

Enquanto isto, o país curte as viagens internacionais mais baratas. E as empresas que estiverem sendo destroçadas pela competição externa, basta seguir a receita dada por uma revista semanal: tornem-se importadores de produtos chineses.

Fantástico! Queimam-se empregos, queima-se a vida de milhares de empresas, mata-se a oportunidade de empresas inovadoras se tornarem grandes companhias em troca da manutenção desse dólar, que beneficia grupos muito específicos.

Um dos grupos beneficiados são aquelas empresas que querem vender ativos para investidores externos - que calculam seus ganhos em dólares.

Suponha uma empresa que tenha lucro de R$ 10 milhões por ano, em um setor em que a taxa de rentabilidade esperada seja e 15% ao ano.

Com o dólar a R$ 2,50, essa empresa valerá, em dólares, US$ 20 milhões. Se o dólar cair para R$ 2,00, passará a valer US$ 25 milhões. Portanto a apreciação do real equivale à apreciação de todos os ativos que possam estar na mira dos investidores externos.

Por aí, o interesse na apreciação cambial vem da parte das empresas que querem abrir capital (e aproveitar o momento), dos bancos de investimento (que lucram com a abertura de capital) e dos especuladores que esperam a valorização das suas ações para despejar para os investidores externos.

Outro exemplo? Suponha um investidor que tomou um financiamento em dólares a 10% ao ano por quatro anos com o câmbio a R$ 2,40. No vencimento, se o câmbio estiver a R$ 1,90, o custo do financiamento (em reais) será equivalente a apenas 3,8% ao ano. Mesmo com o câmbio a R$ 2,20, o custo anual será de meros 7,6% ao ano. Ou seja, ele já tem acesso a juros favoráveis no financiamento externo. Com a apreciação cambial, o custo fica menor ainda porque, o a valorização do real, serão necessários menos reais para pagar o empréstimo em dólares.

É pouco? Vamos a outra conta. O sujeito toma o financiamento de US$ 10 milhões, com o dólar a R$ 2,40 e a taxa a 10% ao ano, em dólares, por prazo de quatro anos. Suponha que aplique essa quantia a uma taxa Selic de respectivamente 20%, 17%, 15% e 12% ao ano. No vencimento, caso o dólar esteja a R$ 1,90, seu lucro será de US$ 8,2 milhões.

A rentabilidade foi infinita porque, no exemplo, apontado, ele não precisou usar seu capital: meramente pegou dinheiro emprestado, aplicou em títulos do governo e, com os juros internos e a apreciação cambial, quitou o financiamento e ainda ficou com US$ 8,2 milhões no bolso.

Quem perde é o conjunto das empresas e dos trabalhadores. Cada vez que a empresa ou investidor traz dólares de fora, esses dólares são convertidos em reais. O excesso de dólares provoca apreciação do câmbio, sufocando a produção interna. Para tirar o excesso de reais da economia, o Banco Central emite títulos, pressionando ainda mais a dívida pública.


Bolha do álcool

Claramente já começou a bolha do álcool, com alguns grupos maquiando velhas usinas ou criando novas especificamente com propósitos especulativos. Não irá comprometer o futuro, porque o álcool veio para ficar. Mas poderá desorganizar o setor, se não vier acompanhado de uma severa regulamentação. Mas tem muita gente que vai morrer com o "mico" - comprando ações por valor muito superior ao que valem. Estratégia de EUA 1

Membro da The Interamerican Ethanol Commision, William Perry concorda que não é o momento de se discutir queda de tarifas protecionistas à entrada do etanol brasileiro nos EUA. Antes das eleições nada será feito. Até lá, não haverá excedente brasileiro para ser exportado. Além disso, preservará o poder de barganha dos produtores americanos, para conquistar parcelas maiores do mercado de gasolina.

Estratégia de EUA 2

A produção de álcool de milho é claramente deficitária, com impactos enormes sobre o preço dos alimentos. À medida que se amplie o espaço de consumo nos EUA, os grandes lobbies do milho, como a multinacional ADM, vão ter que escolher entre ser uma empresa que fatura US$ 1 bi em regime monopolista ou US$ 3 bi em regime de abertura. Será esse o momento em que o álcool brasileiro explodirá nos EUA.

Pacto da estagnação

O novo Ministro do Desenvolvimento Miguel Jorge provavelmente acertou o fim das críticas da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Autoveículos) em troca de uma solução para o problema dos créditos de ICMS acumulado pelo setor. Na outra ponta, o Ministro da Fazenda Guido Mantega acenou para setores afetados pelo câmbio, com isenções temporárias de contribuições e tributos.

Homem de US$ 3 bi - 1

Na semana passada, em várias matérias o empresário Mário Garnero foi apontado na semana passada como dono de um grupo, o Brasilinvest, com US$ 3 bi investidos no Brasil. No site do Brasilinvest, fala-se em US$ 1 bi. Mas o site mostra apenas três empreendimentos. O primeiro é o Residencial Village em Souzas, Campinas, um condomínio de luxo. Não há indicação de valor de investimento nem sobre o estágio da obra.

Homem de US$ 3 bi - 2

O segundo é um Projeto Turístico Integrado no Porto de Cristóvão, em Sergipe. Não há indicação nem de valor do investimento nem sobre o estágio da obra. O terceiro é o Global Access, uma rede de fibra-ótica em Moema, que "terá 144 km". Não há informação sobre o valor do investimento nem sobre o estágio atual da obra. Não há um informe sobre carteira de investimentos, balanço do grupo, nem nada.



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