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15 de agosto de 2005 |
Luís Carlos Lopes
Somente os cegos de espírito tentam ainda negar o envolvimento do Partido dos Trabalhadores e de seu governo no nosso atual escândalo de corrupção. As direitas históricas estão se regozijando. Não estão mais sós, na produção do derrame dos recursos estatais e nas relações espúrias com fornecedores, empreiteiros, banqueiros e publicitários.
Os documentos e os depoimentos, principalmente, o último e mais significativo, levaram os petistas impolutos e de bom coração às lágrimas. Não dá mais para esconder o sol com a peneira. O governo foi obrigado a reconhecer erros e a propor o endurecimento na luta contra a corrupção. Sabe-se, agora, com provas de difícil refutação, que várias autoridades do governo, membros do poder legislativo, empresários, funcionários da administração pública e do Partido estão envolvidos até a medula nos escândalos. Até agora, ninguém foi expulso, demitido, a justiça não mandou prender e sequer existem processos judiciais mais graves, em curso. Os atores deste drama desfilam melancolicamente pelas CPI's, fazendo pose de coitados, traídos e injuriados. O que está acontecendo segue o script de outros casos, envolvendo políticos das direitas históricas do país. Quase ninguém é poupado do escândalo, mas na soma geral o ranking das punições é baixo e os prejuízos financeiros são grandes, certamente menores do que deveriam ser. Os ladrões têm que pagar muito para preservar suas liberdades e, com mais cuidado, continuarem a 'operar' por aí. Podem perder mandatos, eleições e negócios, mas esperam que o grande público os esqueça, as mídias os deixem para lá, e ai, eles voltam a atacar. A memória social do que as mídias divulgam é curta. Quase ninguém mais lembra dos nomes das personas do governo Collor (a não ser dele mesmo ou de um ou outro, que faz questão de estar presente no universo midiático), dos "anões do orçamento" (Como se chamavam?) e dos ladrões da época do governo Sarney, da era FHC e do triste período da ditadura militar. Alguns deles são hoje deputados, senadores ou ocupam outros cargos públicos. Outros vivem na penumbra de seus interesses, quase sempre muito bem, como empresários e/ou endinheirados sem mácula ou motivo para esconderem dos amigos de onde veio parte de suas fortunas. Os mais ousados aparecem nas mídias como campeões da moralidade e acusadores impiedosos da roubalheira do governo Lula. Provocam ânsias de vômito e nos permitem ver a escatologia do poder no Brasil. As direitas históricas, ao acusar os novos ladrões, estão agindo como Caim e Abel, reconhecendo seus novos irmãos fraternos (inimigos no passado, adversários cordiais ou personagens necessárias para atacar a todo mundo). Este reconhecimento pode até levar à morte de alguns, nada como na China onde corruptos são executados, mas a morte social e política do ostracismo circunstancial. Tudo vale entre iguais. Há um objetivo maior, evitar que qualquer esquerda tente ou consiga chegar ao poder no Brasil nas próximas décadas. É o velho lema ademarista do "roubo mais faço", adotado por outros na modernidade. Eles (os novos) roubam e nada fazem, segundo o poder de todo o sempre. Este clama que fala em nome do povo, tendo dedicado sua vida para manter a atual ordem e se locupletar com os restos do banquete do capital. Fala de autenticidade, quando sempre escondeu seus reais objetivos. Talvez o significado maior de tudo isto, seja o da tentativa de destruição das utopias portadas por gerações, que desde o início do século XX, quiseram que o gigante adormecido acordasse e fizesse justiça aos seus filhos. Eles vão tentar usar o caso do governo Lula como um exemplo. Querem ganhar as próximas eleições e todas as subseqüentes. Sabem que os fatos atuais golpeiam a todos, os que se envolveram e os que nada tem a ver com esta imundície. A única saída para a esquerda é buscar a diferenciação, denunciar a nova direita (vinda da esquerda histórica) que se vendeu ao capital e à corrupção. Buscar a sua própria negação e renovação, deixando um espaço claro para a representação popular. Isto, certamente, não pode ser apenas um ato retórico, radical no verbo e pouco eficiente na prática. Terá concretude, se os que nada tem a ver com isto tudo tenham a força do verbo, baseada em nenhuma leniência com o capital, seus inimigos históricos e os seus novos inimigos, alguns que ainda comem na mesma mesa. Alguém terá que levantar o chicote e expulsar os vendilhões. |
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