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16 de maio de 2006 |
O sono de Demiurgo
Tiago Spinelli (*)
Demiurgo, artesão divino, princípio platônico organizador do universo, responsável pela ordem das coisas e dos homens. Dormiu. São Paulo vivencia a "desordem". O Primeiro Comando da Capital tocou o terror nas últimas madrugadas. Assassinatos, bancos e ônibus queimados, chamas, balas, caos.
Segundo o delegado Bittencourt, "a bronca deles não é somente contra os atos da polícia, existe uma insatisfação social. Estão fazendo esses ataques [aos bancos] para criar desequilíbrio social e econômico. Pode, daqui para frente, ter um cunho político". Eu me pergunto: quando não teve um cunho político? Será que ninguém percebe que a linguagem e os códigos do "crime" são a linguagem da pobreza, da sobrevivência marginal absorvida e instrumentalizada pelo discurso competente como lhes convém? E o que pode ser mais desastroso - e será: a reação dos policiais. Medo e revolta somados ao sangue dos colegas. Parece inevitável que fique tudo mais escancarado e mais sangrento. É a peleja dos pobres fardados contra os pobres mascarados. Vizinhos nas favelas, nos subúrbios, nas "periferias". Mortos vivos pela mesma praga: o sono profundo de Demiurgo. Não teria já morrido o divino artesão? Não seria de morte o som deste roncado? Acredito, ingenuamente, que não. Acorda, homem! |
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