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La insignia
20 de janeiro de 2005


Renda per capita de Absurdil


Fernando Soares Campos
La Insignia. Brasil, janeiro de 2006.


Absurdil é uma republiqueta perdida entre o Atlântico e o Pacífico, lá todos os cidadãos pagavam a mesma taxa de imposto, não importava se o sujeito ganhava uma relíquia (RL$, a moeda corrente de Absurdil) ou mil relíquias, a taxa de imposto era a mesma: 20%.

A distribuição de renda em Absurdil somente podia ser comparada à de um certo país sul-americano, pois, dos seus 1010 habitantes, 1000 ganhavam RL$10,00/ano, cada; enquanto os 10 privilegiados cidadãos faturavam RL$10.000,00 anuais, cada. A renda bruta da população era, portanto, RL$110.000,00 anuais. Em cima disso, os cofres públicos de Absurdil arrecadavam RL$22.000,00 por ano, deixando para a população RL$88.000,00. Assim, a renda per capita líquida dos absurdileiros era de RL$87,12. Este era o quadro macroeconômico de Absurdil, e assim vivia seu povo, numa tranqüila e eterna infelicidade.

Um dia a população rebelou-se e colocou outro presidente no poder. Já nos primeiros momentos, o novo mandatário e seu gabinete ministerial trataram de acelerar o PIB que, há muitos anos, andava em baixa. O presidente correu mundo para vender os produtos absurdileiros no exterior. Conquistou mercados que nunca haviam sido bem explorados pelos governos anteriores. Incentivou a qualificação da mão-de-obra local e promoveu melhores condições de trabalho, além de apoiar o empresariado, combatendo o contrabando, estimulando pesquisas científicas e melhorando a qualidade dos seus produtos,. Esses foram alguns dos fatores que impulsionaram a economia de Absurdil. Foi tudo muito surpreendente, em pouco tempo, o país apresentou resultados estatísticos que assombravam os descontentes: superavit astronômico!, risco Absurdil despencando; era o mundo passando a acreditar e respeitar aquela ex-republiqueta casa-de-mãe-joana.

Chegada a hora, o novo governo, que havia prometido mudanças na área econômica e social do país, tomou as primeiras decisões: a partir daquele momento, os absurdileiro mais pobres passaram a ganhar RL$11,00 por ano, e, igualmente, foram aumentadas as rendas de cada um dos 10 privilegiados para RL$11.000,00 anuais. No entanto, a taxa de IR de Absurdil foi modificada: os menos favorecidos passariam a pagar 15% de IR e os privilegiados 30%. No primeiro ano de governo, a renda bruta da população bateu recorde:RL$121.000,00. Descontados RL$ 1.650,00 da renda total de RL$11.000,00 da camada mais desgraçada, e RL$33.000,00 dos privilegiados que ganhavam juntos RL$110.000,00 por ano, a população em geral ficou com RL$86.350,00, o que representou uma renda per capita de RL$85,49.

Entretanto os miseráveis ficaram menos miseráveis, passando a receber RL$9,35 líquidos por ano, quando recebiam RL$8,00, e os privilegiados continuaram com seus privilégios, só que um pouco menores, bobagem: RL$7.700,00 líquidos anuais, cada, contra os RL$8.000,00 que ganhavam no governo anterior. Mesmo começando a recuperar suas "perdas" com o aumento da produção e das novas oportunidades, os privilegiados chiaram. E chiaram muito!! Queriam o poder de volta. Precisavam convencer a população de que aquilo tudo era ruim para ela. Foi aí que tiveram uma brilhante idéia: pegaram as estatísticas do ano anterior e extraíram aquele item que indicava "queda" na renda per capita, em relação àquele período. Com esse suposto paradoxo econômico, os privilegiados gritaram veementemente para os absurdileiros mais pobres:

- Vocês foram enganados!!! A renda per capita caiu de RL$87,13 para RL$85,49.

Moral da história recente de Absurdil:

Os números não mentem; quem mente são os numerólogos quando mexem nos seus numerários.



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