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La insignia
11 de setembro de 2005


Poder e corrupção


Luís Carlos Lopes
La Insignia. Brasil, setembro de 2005.


Os efeitos sociais da presente situação política do Brasil caracterizam-se por reforçar o derrotismo e a tendência à neutralização das responsabilidades individuais e coletivas. Quando grande parte da população diz que todo e qualquer político, inclusive os de esquerda, não são confiáveis, tendendo geneticamente ao assalto aos cofres públicos, o caos vira a regra. Com isto, desmontam-se os estímulos à participação democrática e à construção de uma sociedade mais justa. Naturaliza-se a dominação e a crença de que é impossível qualquer mudança. Reconhece-se o fato do imenso poder do estado e da sociedade erigidos pelo capitalismo de corromper quem se aproxima dos mecanismos de gestão.

O problema é que a política é a única forma de resolver problemas políticos. Não há milagres e nem soluções fora dela. Se existem problemas na política nacional, regional ou local, eles só podem ser resolvidos em seus domínios. Não há nenhum maquiavelismo nisto. Ao contrário, desde Aristóteles, sabia-se que o homem é um animal político, isto é, uma das faces da humanidade é a de lidar com os sistemas de poder. Estar no seio de um lugar onde há quem mande e quem obedeça, implica em compreender que só há solução com a subversão da lógica da dominação existente.

Não é uma verdade que os mecanismos de poder sejam invencíveis e de que todos sejam corrompíveis, ou melhor, tenham um preço, como diz o velho senso comum sobre o problema. Muita gente no Brasil morreu por acreditar na mudança, que se faça a honra aos que jamais se venderam ou transigiram, isto é, aos mortos e aos sobreviventes. Enquanto o preço da corrupção pode ser para alguns, a soma de três ou cinqüenta mil reais, para outros, a morte ou o esquecimento foi o preço do heroísmo e da generosidade. Nem todos têm um preço, cedendo facilmente, furando greves ou aceitando o pacto com o demônio do capital. Há quem resista e leve seus ideais ao longo de toda uma vida.

Não foi incomum na história da humanidade o fato de que atores tenham abdicado dos seus papéis originais. Pessoas que exerceram papéis capitais em determinados contextos, em outros, mudaram as vestes, as consciências e os desejos de mudar. A cooptação não é fenômeno novo ou desconhecido. Na verdade, poucos seres humanos são coerentes ao longo da vida, principalmente, quando mudam suas posições na escala social ou quando os contextos históricos em que vivem se alteram profundamente. Não há mal neste fato. Mudar de posição não é, automaticamente, trair seu passado. O que se deve examinar é o motivo da mudança, isto é, o que levou alguém alterar sua trajetória. Nisto está a chave para compreender as transições e rupturas pessoais.

O presente derrotismo será superado e se acharão novas saídas, por mais que o poder real e simbólico do momento queira aproveitar da presente situação para calar de vez a insubordinação, o pensamento crítico e a proposição de alternativas de mudança. A única forma deste poder conseguir algum sucesso seria a de alterar as razões da crítica. Se nada fazem, darão substância aos que se posicionam contra ao que está estabelecido. Dar-se-á um jeito para se continuar a cobrar e lutar por um mundo mais justo, fraterno e em paz.



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