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La insignia
9 de maio de 2005


Futebol se joga de pé


Tostão
Jornal do Brasil. Brasil, maio de 2005.


Nilton Santos foi homenageado pelo Botafogo. É agora consultor técnico. Na apresentação, ele já começou a trabalhar. Disse ao Oziel: ''Você gosta de dar carrinhos? Não faça isso. Jogue de pé. É mais fácil''.

Nunca vi o Nilton Santos no chão. Atuava de pé e com a cabeça em pé. Não olhava para a bola. Ele antevia o passe, se antecipava ao atacante e iniciava o contra-ataque. Nilton Santos pensava o pensamento dos companheiros e adversários.

Quando era menino, assisti com meu pai a um jogo do Botafogo. Para minha tristeza, não jogava o Nilton Santos, e sim seu irmão, Nilson Santos. Os dois eram idênticos fisicamente, atuavam na mesma posição e tinham o mesmo estilo.

Depois de certo tempo, disse a meu pai: ''Esse é o verdadeiro Nilton Santos''. Ele respondeu: ''Parece com ele, mas não é ele''. Uma bola foi cruzada, Nilson Santos tentou dominá-la no peito, a bola correu muito e o atacante fez o gol. Meus olhos e os do meu pai se cruzaram e entendi a diferença entre o verdadeiro e a cópia.

Nesse momento, lembro do meu pai e da minha mãe. É triste não ter a companhia dos dois. As palavras do poeta me consolam: ''Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. Essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim''. (Carlos Drummond de Andrade).

Tango à vista

Dez dias atrás, o Corinthians parecia estar no caminho certo e o Passarella era elogiado. Aí o caldo entornou. Além de três maus resultados e a eliminação na Copa do Brasil, Passarela cometeu erros, como colocar o time muito atrás contra o Figueirense e dispensar e trocar jogadores antes de partidas decisivas, querendo mostrar forte comando e muita coragem, no momento errado.

Se não fosse a importância do Corinthians, a expectativa criada pela contratação de jogadores caros e o repúdio à nebulosa parceria com a MSI, o estrago não seria tão grande. O Internacional perdeu os três últimos jogos, foi eliminado da Copa do Brasil e o Muricy Ramalho, que é um bom treinador, continua elogiado.

O São Paulo também não pode perder hoje. O torcedor precisa compreender que o Paulo Autuori é bem diferente do Leão. O modelo brasileiro de técnico disciplinador, que grita e gesticula na lateral do campo, não é o único eficiente. Leão é ótimo técnico porque é inteligente, conhece futebol, e não somente porque ruge no túnel.

Se o São Paulo perder, Paulo Autuori terá ainda crédito porque inicia o seu trabalho. Já para o Passarella, só restará dançar um tango.

Craque à vista

Independentemente de suas duas últimas fracas atuações e do que fizer hoje, Tevez confirmou que é um excelente atacante, raçudo e que ainda participa da marcação.

Por outro lado, Tevez confirmou que não é um jogador espetacular e que está longe de grandes atacantes argentinos, como Kempes e Batistuta, e de brasileiros, como os dois Ronaldinhos, Adriano e Robinho.

Tevez não deve ser comparado ao Robinho, e sim ao Grafite, outro excelente atacante. Só o Antonio Roque Citadini, que faz uma importante oposição ao misterioso dinheiro investido pela MSI, acha o Tevez melhor do que o Robinho.

Futebol à vista

Muitas equipes vencem e não convencem. Não é o caso do Fluminense. Estou convencido que o tricolor é um forte candidato ao título, se mantiver os jogadores. É uma equipe organizada, com vários jovens em ascensão, especialmente o Arouca. Hoje, o Flu enfrenta o Cruzeiro, outro time com chances de ser campeão. Falta ao Cruzeiro um bom zagueiro e o time depende muito dos gols do Fred.

O Botafogo está melhor do que o Vasco, mas clássico é clássico, como já dizia Pero Vaz Caminha antes do primeiro jogo no Brasil entre os índios e a tripulação de Cabral. Dizem que os índios ganharam de goleada. Após a pelada, Caminha escreveu para o rei D. Manuel I: ''Em se treinando, bom futebol dá''. Ele aproveitou para pedir emprego para sua família. Assim começaram o futebol e o nepotismo no Brasil.



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