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La insignia
20 de junho de 2005


Ótimo e seguro emprego?


Tostão
Jornal do Brasil. Brasil, junho de 2005.


Como toda imprensa brasileira e mundial, estranhei a noticia de que o ex-craque e atual técnico da Alemanha, Jürgen Klinsmann, mora nos Estados Unidos. Depois lembrei que quase todos os jogadores brasileiros atuam na Europa e que o Parreira reside no Brasil. Seria tão diferente?

Assim como Klinsmann deve assistir pela TV aos jogos da Alemanha e de toda a Europa, Parreira vê os atletas brasileiros pela televisão. Os dois possuem ainda observadores, olheiros.

Uma vez ou outra, Klinsmann e Parreira vão à Europa para ver nos estádios as partidas, conversam com os jogadores, dão entrevistas e desfrutam das mordomias de técnicos de duas grandes seleções.

A diferença é que o Parreira, se quiser, pode ir todo dia ou uma vez por semana à CBF, onde encontra os companheiros, fala de futebol, toma um cafezinho e conta como gasta e ou aplica o seu altíssimo salário. Aproveita para dar serviços às secretárias.

Por outro lado, Klinsmann, por morar em outro país onde se valoriza pouco o futebol, tem mais tranqüilidade e é menos assediado por imprensa e torcedores.

Todos os técnicos de seleções reclamam da falta do trabalho diário. Como dizem que os jogadores perdem o tempo da bola quando ficam sem jogar, será que os técnicos perdem o tempo de comandar e de treinar a equipe?

Mas, se os treinadores de seleção não fossem exclusivos, teriam piores problemas. Não fica bem para treinador de um país ser chamado de burro e ser dispensado pelo clube. Outra vantagem é ter um mês para pensar no que aconteceu no jogo anterior e no próximo adversário. Mesmo assim, alguns são surpreendidos.

O emprego de técnico mais seguro do mundo é o da seleção brasileira. O time joga uma vez por mês e ganha quase todas as partidas. Todos os treinadores possuem ótimos resultados estatísticos. Raramente há seguidas derrotas e perda de um título importante. Como a Copa acontece de quatro em quatro anos, existe sempre a justificativa nas derrotas de que no Mundial será diferente.

Para ser técnico de uma grande seleção, não basta ser um ótimo estrategista. Isso é menos importante. É preciso ter outras qualidades ou características, como ter um bom jogo de cintura. Até o Felipão se adaptou bem a essa situação. Não é fácil conviver com os interesses econômicos e políticos da CBF, dos clubes e com as críticas de torcedores e da crônica esportiva independente. Às vezes, somos injustos e intolerantes.

Apesar da responsabilidade, aborrecimentos e dos cabelos brancos que os técnicos passam a ter, todos sonham em comandar a seleção brasileira.

Novo posicionamento

Teoricamente, o México seria um adversário mais fácil do que a Grécia, pois teria uma defesa mais frágil. Porém, tenho mais receio de seleções que atacam e possuem bons jogadores, como a do México, do que as que só defendem, como a da Grécia.

Kaká, pela direita, e Ronaldinho, pela esquerda, atuaram mais fixos contra a Grécia. O time ficou mais bem distribuído e equilibrado, melhor na marcação e menos embolado pelo meio. Robinho teve mais espaços pelo meio para receber a bola. Já Kaká e Ronaldinho ficaram mais longe do gol. Quando se tem muitos craques, não dá para todos jogarem como nos seus clubes. Na seleção, Ronaldinho e Kaká terão de se adaptar a uma formação diferente.

Na Copa-94, Zinho e Raí jogaram mais recuados, um de cada lado e prejudicaram as suas atuações. Raí era um meia-atacante no São Paulo. Na época, Zinho reclamou que não podia sair do seu lado. Mas foi bom para o time.

Kaká e Ronaldinho não precisam também jogar tão fixos, sem perder a referência de posicionamento. Não deve haver problemas, pois Parreira evoluiu.

Na Copa de 70, eu, Rivellino e Piazza nos adaptamos a uma posição diferente da que jogávamos nos clubes. Isso foi bom para a equipe.

Zagallo, após dizer que eu seria reserva do Pelé porque tínhamos a mesma característica e de experimentar os centroavantes Dario e Roberto, me perguntou uns 15 dias antes da Copa: "Dá para jogar de centroavante sem recuar tanto?" Respondi: "Sim, vou atuar de pivô, como Evaldo no Cruzeiro. Não fui armador nem um típico centroavante. Fui um centroavante armador".



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