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La insignia
13 de junho de 2005


Não é um esquema ou otro


Tostão
Jornal do Brasil. Brasil, junho de 2005.


A vitória da Argentina foi a do estilo mais aguerrido e de marcação por pressão. O time não deixou o Brasil jogar no primeiro tempo e os brasileiros não sabem sair desse tipo de marcação. Só os argentinos fazem isso contra o Brasil.

Não foi por falta de movimentação e luta no primeiro tempo que o Brasil perdeu nem foi por causa do quarteto ofensivo. Na Eliminatória anterior, na Copa América e em vários jogos que a Argentina ganhou ou perdeu, o Brasil, com dois ou mil volantes, sofreu o mesmo sufoco. A única surpresa foi a vantagem de três gols no primeiro tempo.

O Brasil não dominou o segundo tempo porque teve mais vontade nem foi por causa da entrada do Renato no lugar do Robinho. O time já estava melhor desde o início. O Brasil pressionou porque era impossível a Argentina correr tanto como no primeiro tempo, e em um clássico, a equipe que está perdendo passa a atacar mais.

O Brasil não marcou como a Argentina porque não quis, e sim porque não sabe nem tem o hábito. Ainda há pessoas que pensam que marcar bem é qualidade de time pequeno. Marcar bem não significa também jogar na defesa. A melhor maneira de ser ofensivo é tomar a bola próximo do outro gol, como fez a Argentina.

É preciso ainda lembrar que o Brasil tem alguns jogadores espetaculares, mas a Argentina desarma mais, tem excelentes jogadores em todas as posições e melhores zagueiros e volantes (Mascherano e Luiz González, que jogou de ala) do que o Brasil. Na média, as duas equipes se equivalem.

Assim como o Brasil não tinha achado o time ideal após golear o Paraguai, a derrota para a Argentina não significa que não se possa jogar com o quarteto contra fortes equipes. Mas, em tese, é preciso ter três jogadores no meio-campo para proteger os defensores, desde que, pelo menos, dois dos três se aproximem dos atacantes, o que não acontecia antes de escalar o quarteto.

Outra opção seria recuar o Kaká para ser um terceiro armador, marcando e iniciando as jogadas de contra-ataque no campo brasileiro. Kaká tem uma excepcional condição física para fazer isso. Não é a sua posição ideal, mas seria bom para a Seleção.

De qualquer maneira, foi uma boa experiência jogar com o quarteto ofensivo contra a Argentina. Futebol não é ciência exata. Criar uma variação tática e usá-la no momento certo é a grande dificuldade do Parreira, o que não acontecia com Felipão. Não é um esquema ou outro. É um e outro.

Com seu pensamento cartesiano, Parreira está em duvida, à procura de uma solução, a grande verdade. Não existe.

Versões e fatos

Nesta semana, por causa da comemoração dos 35 anos do tri, li e escutei várias histórias sobre a Seleção de 70. Há opiniões diferentes, verdades, mentiras, versões e boatos. A versão costuma ser mais interessante do que o fato.

É mentira e uma injustiça com Zagallo quando dizem que a Seleção de 70 não precisava de técnico porque tinha muitos craques. Dos treinadores que tive, Zagallo foi o único que sabia e treinava os detalhes táticos. Na época, os técnicos não se preocupavam com isso. Hoje, só pensam nisso.

Outra mentira é que a Seleção de 70 só jogava para fazer gols. Quando perdíamos a bola a equipe recuava e fechava os espaços. No segundo gol contra o Uruguai, eu, Jairzinho e Pelé trocamos passes no campo do Brasil e Jairzinho recebeu a bola na outra intermediária. Havia uma linha de três no meio-campo (Clodoaldo, Gerson e Rivelino) protegendo os defensores. Com o quarteto atual, só há dois. Quando recuperávamos a bola, Gerson e Rivelino chegavam à frente, formando um quinteto.

No bom documentário feito pelo Esporte espetacular, da TV Globo, Dario afirmou que não foi bem recebido inicialmente pelos companheiros porque diziam que ele tinha sido convocado pelo Médici. Há várias inverdades nisso. O ditador-presidente apenas elogiou o jogador, Zagallo convocou Dario porque ele era um artilheiro e ninguém deu a mínima importância para o boato.

Outra inverdade sobre a Seleção de 70 é que ela era perfeita. A perfeição não é humana.



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