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La insignia
6 de junho de 2005


Estrelas e coadjuvantes


Tostão
Jornal do Brasil. Brasil, junho de 2005.


Durante três anos, a seleção jogou da mesma forma, com dois zagueiros, dois laterais, três no meio-campo e mais um meia ofensivo próximo de dois atacantes. A crítica que fiz nesses três anos não era ao desenho tático. Em tese, prefiro esse posicionamento. Isso também é menos importante. A minha crítica era à postura cautelosa. O time marcava muito atrás, não pressionava mesmo contra equipes fracas e os três do meio não se misturavam com os três da frente. Na prática, eram três volantes e três atacantes (os dois Ronaldinhos e Kaká).

Contra o Uruguai, Parreira colocou um time mais ofensivo, com dois volantes, dois meias ofensivos e dois atacantes, como quase todos queriam.

Não se deve confundir esse esquema (4-2-2-2) com o tradicional 4-4-2, usado na Copa de 94 e ainda hoje pela maioria das equipes da Europa, com dois volantes e um meia de cada lado. Esses dois meias marcam próximos dos volantes e avançam quase só pelos lados, formando duplas com os laterais na defesa e no ataque.

Na seleção inglesa, não há diferença entre meias e volantes. Os quatro formam uma linha e todos, alternadamente, atacam e defendem.

Um dos desafios do Parreira será posicionar bem os dois meias e os dois atacantes. Ronaldinho Gaúcho, Robinho e, brevemente Ronaldo, gostam de jogar da esquerda para o meio. No Barcelona, Ronaldinho Gaúcho é atacante, e não armador. No Milan, Kaká é o único meia de ligação.

Ronaldinho Gaúcho e Kaká terão de ajudar os volantes na marcação, mas, se recuarem demais, ficarão longe dos dois atacantes e da área, onde são excepcionais. Contra o Uruguai, os dois atuaram muito pelo meio. Como Robinho volta para receber a bola, os três podem ficar ainda mais embolados. Robinho não pode também atuar fixo na frente. Será melhor aproveitá-lo mais pela esquerda, como no Santos.

Como o Paraguai vai atuar com oito jogadores próximos da área, o Brasil terá dificuldades em trocar passes pelo meio. Haverá também um armador de cada lado para impedir os avanços do Belletti e do Roberto Carlos. Em compensação, a defesa brasileira será pouco exigida, com exceção dos passes longos e ou pelo alto para os dois atacantes.

Há várias maneiras de se furar uma retranca. Além dos dribles e do talento individual -o mais importante-, é necessário tomar a bola no campo do Paraguai, finalizar mais de fora da área, formar duplas pelas laterais e realizar bons cruzamentos. Adriano é alto e ótimo cabeceador.

Como os quatro da frente serão muito marcados, Emerson e Zé Roberto terão chances de avançar e chutar de longe. Nenhum dos dois faz isso bem. Por isso, prefiro Juninho, que é ótimo finalizador, no lugar do Zé Roberto.

Há uma excessiva expectativa em relação ao Robinho. Se ele jogar mal, não deixará de ser excepcional. Se brilhar, não vai se tornar melhor do que o Ronaldo nem será o craque da seleção. Além disso, como regra, qualquer jogador somente se destaca quando o time atua bem.

Robinho é ainda coadjuvante na seleção. A responsabilidade maior não é dele. Com o tempo, e não por um ou poucos jogos, poderá se tornar uma estrela, como já é no Santos.


Maestros

Fernando Calazans tem enfatizado, com razão, na suas colunas a falta de maestros, de jogadores cerebrais no meio-campo, como eram Didi, Gerson, Falcão e outros. Uma das razões, escrita pelo Calazans, é a obsessão dos treinadores, desde as categorias de base, pela marcação em detrimento à habilidade e à criatividade.

Outro motivo dessa brutalização é a divisão que os técnicos fizeram no meio entre os volantes, que quase só marcam, e os meias ofensivos, que quase só atacam. Os "professores" não gostam de jogadores talentosos no meio-campo. Todos os meninos habilidosos são escalados, desde a base, de meias ofensivos ou atacantes.

Há pouquíssimos pensadores, que comandam as jogadas no meio-campo, como Zidane, Lampard, Deco, Juninho Pernambucano e Ricardinho. Por outro lado, há muitos excepcionas meias-atacantes, que atuam mais próximo da área, como Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Alex, Totti, Ballack. E, na prática, são mais atacante do que armadores. É preciso redescobrir e reinventar os maestros do meio-campo. Para isso, alguém precisa ensinar aos "professores".



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