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La insignia
13 de junho del 2005


Europa, sem pressa, mas sem pausa


Pedro Gómez-Valadés
La Insignia. Espanha, junho del 2005.


Ninguém disse nunca que o processo de construção europeia fosse fácil. Superar séculos de confrontos habitualmente resolvidos por via militar não são precisamente os melhores alicerces sobre os que construir. Ou talvez sim. A unidade política da Europa e um caminho sem retorno, no alvorecer deste terceiro milénio, desenham-se muito claros os espaços geopolíticos sobre os que vai pivotar a política mundial pelo menos no presente século. Estados Unidos com a soma interesseira, mas para efeitos económicos de enormes proporções, do Canadá e México. (Com efeito os três jogadores não vão jogar no mesmo lugar do campo mas sim na mesma equipa). A China, sempre a China. A China onde todos os algarismos são astronómicos, a China com o seu disciplinado mercado de trabalho e o seu aperfeiçoado aparelho polítoco-militar repressor ao serviço duma expansão económica de que so começamos a ver o começo. A Índia, país que, devagar, pela porta traseira entrou já em todas as apostas das potèncias do século, e a União Europeia.

É evidente que o golpes que a Constituição europeia acabou de sofrer, contundentes, pela parte da cidadania francesa e holandesa, obrigam a fazer uso de aquela máxima do sempre sábio Antón Reixa que dizia qualquer coisa como: "Estamos em guerra, temos que reflectir". Claro que o acontecido não é um conflito bélico, mas o tremor que há duas semanas sacode os campos da Europa bem merece uma reflexão como a que Reixa pedia para situações de força maior. Na minha opinião, na situação actual há já algumas coisas bastante claras.

A meu ver, fica claro que o não maioritário de franceses e holandeses ao Tratado Constitucional europeu não oferece uma alternativa. Ao votar não, não estavam a dar um sima nenhuma outra opção. A mistura de alhos com bugalhos em que, desde a extrema direita -o chauvinismo mais rançoso- à extrema esquerda estupefaciente juntaram forças para ganhar o passado referendo francês, não oferece objectivamente qualquer alternativa real, possível. Jogos de artifício de palavras nuns casos (Contra a Europa do capital, contra o neoliberalismo, etc...) e apelos nostalgicos à grandeur que foi e não voltará.

Na minha opinião, o medo ao canalizador polaco e a eventual entrada da Turquiamobilizou tristemente mais do que qualquer ouro argumento tirado do proprio texto constitucional a debate. Lembro-me de uma entrevista dias antes do referendo holendês onde uma activista pelo não afirmava contundente e sem corar que a Constituição Europeia abriria as portas aos imigrantes... O que mais chamava a atenção da entrevista era a cor da entrevistada, que mostrava origem muito pouco holandesa. Se não fosse dramático seria quase uma má piada. A xenofobia, com as suas variantes mais ou menos vergonhosas, foi um dos piares da contestação anti-Trtado constitucional auropeu.

Não é fácil, lógico e evidente, assumir que um dos efeitos irreversíveis e talvez um doas mais (permita-se-me a licença poética) formosos da globalização ou da mundialização como preferem denominá-la os franceses, é a mestiçagem de culturas, nações e raças. Europa, berço de civilização nçao deve ser mais do que exemplo de integração. Não será fácil. Ninguém é tão ingénuo como para pensá-lo. Um exemplo prático do medo ao "outro": eu sou um simples trabalhador que vive e trabalha cada dia sem saber se o seu patrão manterá a empresa aberta. E com o aval que acho que me dá a minha condição operária (não sou artista nem funcionário), nunca fiz mal nem farei demagogia com o tão falado affair das deslocalizações. Assumo o risco e também sei que da mesma maneira que a máquina de vapor não foi o final da classe operária, a deslocalização não vai ser mais do que um fantasma mediático popular de êxito que confio perecedoiro.

É absurdo pensar que a Constituição Europeia favoreza ou promova a deslocalização (há poucos meses foi aprovada uma directiva que obriga as empresas que deslocalizem a devolver os subsídios públicos recebidos) e por outro lado, eu que sou de Vigo, pergunto-m que seria da minha cidade se a deslocalização não tivesse trazido a Citroen há já mas de trinta anos de França a este canto do Finisterre europeu. A mudança interesseira de país por parte das empresas é um fenómeno que, queiramos ou não, faz parte já da vida económica mundial. Mas, da mesma maneira que não toda a indústria francesa e alemã escolheu há trinta anos o estado espanhol para trasladas a sua produção, agora o fenómeno de certeza que, longe da manchete escandalosa e impactante não vai supor nenhuma fugida massiva de empresas para Polónia, Malta ou Chéquia. Estou certo que em poucos anos, uma vez consolidado o alargamento da União Europeia, já ninguém falará do assunto. Pelo menos não nos parâmetros actuais.

Mas tenho claro que o processo terá uma severa pausa. Contudo, dar por morta a Constituição Europeia não deixa de ser, a dia de hoje, só um impactante manchete jornalístico. Mais nada. A sensatez, o bom senso, obrigam a abrir um tempo de reflexão de que tenho a certeza que vão sair soluções. Para já o democrárico é continuar com o processo de ratificação dos diferentes estados. França e Holanda são como países fundadores, e também como potências económicas, importantíssimos, certo. Mas não nos esqueçamos que, quer pela via parlamentar, quer pela via plebisticária, estados da importância da Alemanha ou Itália já dera mo sim ao presente Tratado. No estado espanhol, gostem ou não alguns, 80% dos votantes referendámos positivamente o Tratado. Interromper agora o processo seria além de tudo um precedente gravíssimo, um facto quase orwelliano. "Toos os estados da Europa são iguais, mas uns são mais iguais do que outros..."

Calma, lembremos que este ente em contínua transformação chamado primeiro CECA, depois CEE, a seguir CE e agora União Europeia tem demonstrado na sua curta mas intensa história capacidade quanto baste para resolver situações difíceis. Há que dar tempo ao tempo. E sobretudo, lembremo-nos que tanto ou mais importante que para nós os europeus, a unidade e fortaleza da Europa, cuja primeira Constituição representa, apesar das suas eivas e falhas um degrau formidável, coma sua aposta e compromisso com o desenvolvimento sutentável, com a carta de direitos, com o equilíbrio norte/sul, com a resolução pacífica de conflitos (lembremo-nos que a Constituição europeia reconhece a obrigação de acatar as resoluções do Conselho de segurança das Nações Unidas), com a tolerância, coma igualdade homem/mulher, com a liberdade de expressão... enfim, um aeuropa unida é imprescindível como a água para bilhões de párias da Terra. Por eles, calma e a defrontar-nos com o futuro que, gostemos ou nã o, está aqui para ficar.



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