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La insignia
28 de junho de 2005


Brasil

Lula é nosso, ninguém tasca


Maria do Rosário
Linha Aberta. Brasil, junho de 2005.


A idéia da formação de um partido só dos trabalhadores é tão antiga quanto à própria classe trabalhadora. Numa sociedade como a nossa, baseada na exploração e na desigualdade entre as classes, os explorados e oprimidos têm permanente necessidade de se manterem organizados à parte, para que lhes seja possível oferecer resistência séria à desenfreada sede de opressão e de privilégio das classes dominantes. Mas sempre que as lideranças dos trabalhadores e oprimidos se lançam à tarefa de construir essa organização independente de sua classe, todas sortes de obstáculos se contrapõem aos seus esforços. Essa situação vivida milhares de vezes em todos os países do mundo vem acontecendo agora no Brasil.

Propositalmente, iniciei sem aspas este artigo, reproduzindo a abertura da Carta de Princípios de 1º de maio de 1979, documento este que pode ser considerado a certidão de nascimento do Partido dos Trabalhadores. Passados 26 anos, e excluídos alguns vocábulos considerados anacrônicos, é espantosa a atualidade do texto no que tange a mais recente, e talvez a mais açodada, tentativa de desestabilização do projeto petista para o Brasil e do próprio governo do presidente Lula.

Da noite para o dia, o PT virou o prato do dia e está exposto à mesa para saciar o apetite de tantos quantos queiram saciar sua voracidade de esquartejá-lo em praça pública. Hipóteses viram fatos, conjecturas viram realidade, mentiras tornam-se verdades, acusados tornam-se acusadores, testemunhas tornam-se inquisidores e investigações revestem-se de sentenças definitivas. Com 25 anos de lutas em prol da democracia, da ética e da justiça social, o PT vive uma encruzilhada histórica ao ser comparado a tudo de ruim que sempre combateu na política brasileira.

Forjado na saudável e democrática disputa política, tanto interna quanto nas lutas parlamentares e sociais, o PT sairá maior desse embate, não tenho dúvida. A sociedade brasileira cobra esclarecimentos e será esclarecida de tudo quanto estiver nebuloso. Temos uma vida pregressa que nos credencia a olhar nos olhos de cada cidadã e cidadão, ao contrário da maioria dos nossos adversários e acusadores que não carregam currículos em suas vidas, mas colecionam processos e prontuários.

Por outro lado, a opinião pública também saberá discernir que esses ataques ao Partido dos Trabalhadores são uma vil tentativa de criar uma cisão entre o presidente Lula e o PT, tornando possível a volta daqueles que o povo varreu, através do voto, do comando desta Nação. Ora, como bem disse Lula em recente encontro com pequenos agricultores, "quem não acreditava na nossa capacidade de dirigir o país, agora teme é nossa reeleição".

Encontramos um país destroçado e tivemos até que tomar medidas impopulares para garantir a governabilidade e buscar o crescimento econômico com sustentabilidade e justiça social. Nos dois primeiros anos de governo, éramos acusados de estelionato eleitoral, de não cumprirmos com nosso programa e outras aleivosias mais.

Agora, diante de uma crise com origem determinada e os mais diversos focos, tenta-se jogar o PT na vala comum e minar sua capacidade de influir e determinar políticas públicas de inclusão social. Pesquisas são desovadas à exaustão e a antecipação da disputa eleitoral de 2006 já foi perpetrada. O que é inabalável é o prestígio do presidente e a força do PT, apesar do bombardeio e do vendaval a que estamos submetidos.

Certos analistas, diante das evidências e agindo como autênticas viúvas do mandarinato tucano pefelista, reconhecem a força popular de Lula, mas o querem descolado da sigla que ele criou, deu sua vida e é a sua razão de ser. Ora, estelionato eleitoral verdadeiro é Lula sem o PT, é Lula sem o povo. Interessante notar como a imprensa abomina os discursos de improviso de Lula, quando, sintomaticamente, é nesses momentos que ele se aproxima mais do povo, tanto no linguajar quanto na simplicidade e autenticidade.

As elites que se submeteram a um operário na Presidência e a uma dona-de-casa como primeira dama, agora esfregam as mãos e sacodem suas jóias na sofreguidão de buscar uma alternativa de poder ao "sapo barbudo" e à legião de petistas que, segundo outro mantra repetido à exaustão, se espalhou pela máquina pública.

Ora, Lula não é o presidente dos sonhos da Casa Branca, do baronato brasileiro, do latifúndio e dos entreguistas de todas as matizes. O PT, os sem-terra, os sem-casa, os movimentos sociais, os setores mais pobres da pirâmide social brasileira sabem disso. E jamais deixarão de sustentar Lula, apoiar o governo e abominar e demarcar sua distância de todas as formas de golpismo.

Esta luta social, travada ao longo de séculos e tão bem radiografada pela histórica Carta de Princípios petista, tem na vitória de Lula uma inflexão histórica. O povo - em especial os brasileiros que vivem do trabalho e não da especulação - já sabe disso. Lula é nosso e ninguém tasca. Esta é a primeira palavra de ordem para se colocar a casa em ordem.


(*) Maria do Rosário é deputada federal pelo PT do Rio Grande do Sul.



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