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5 de setembro de 2007

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Alterglobalización

A crise das agências de risco


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, setembro de 2007.

 

Um dos enigmas das últimas crises financeiras mundiais é o papel das agências de risco. Essas agências são uma espécie de batedores da cavalaria (os investidores internacionais). Cabe a elas analisar os riscos dos investidores, tanto nos investimentos em empresas, em fundos e em países.

Se as agências melhoram a avaliação sobre o Brasil, por exemplo, imediatamente deflagram um movimento de ampliação da participação de papéis do Brasil nas carteiras desses investidores. A grande defesa dos gestores, quando tomam determinadas decisões de investimento, é justamente a avaliação dos fundos sobre sua carteira.

Por isso mesmo, as agências de risco sofreram críticas gerais por não terem previsto os problemas com fundos hipotecários, na recente crise do mercado norte-americano.

Nesse mercado, uma instituição concedia financiamento para um mutuário. Depois, pegava o contrato e revendia para um fundo de investimento, que pagava adiantado. De posse desse dinheiro, a instituição emprestava para outros mutuários e tornava a revender os financiamentos para os fundos hipotecários.

Com essa fartura de recursos, as instituições tornaram-se descuidadas na seleção dos mutuários. Mais que isso, algumas passaram a fraudar financiamentos, para poder gerar papéis (a partir dos contratos) e vender para os fundos.

Havia dois tipos de carteiras de financiamento: as "prime" (mais seguras e com mais garantias) e as "subprimes" (de maior risco), vendidas para fundos dispostos a correr maiores riscos em troca de taxas maiores. Na análise dos fundos e instituições, as agências de risco adotam padrões de contabilidade. Analisam quanto os fundos têm de endividamento, quanto de capital próprio, qual a estrutura de ativos.

Dois fatos explicam os erros de avaliação. O primeiro, o fato das agências de risco não avaliarem adequadamente as fraudes corporativas - cuja identificação é responsabilidade das empresas de auditoria. Assim, elas partiam do pressuposto que todos os títulos adquiridos pelas instituições tinham como base financiamentos reais. E havia enorme percentual de fraudes.

O segundo grande problema é a incapacidade das agências de analisar o setor como um todo. Por exemplo, em condições normais de vôo, um fundo teria condições de assumir um determinado nível de risco. Se começasse a ter prejuízo, haveria investidores querendo o resgate das cotas, mas pelas análises das agências, ele teria liquidez (disponibilidade de recursos) suficiente para garantir o saque. Se não tiver, toma emprestado de outra instituição e concede o resgate de cotas.

Só que, quando estoura uma crise sistêmica, de todo o setor, há uma corrida geral dos investidores numa ponta; e a interrupção do crédito na outra ponta. E aí todos os padrões de análise das agências vão por água abaixo. É como um nadador apto a atravessar uma piscina que, de repente, se vê jogado em alto mar.

Por isso mesmo, terão que aprimorar muito mais suas análises e passar a incorporar avaliações estatísticas de riscos de setores inteiros, e não apenas de uma ou outra empresa.

 

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