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La insignia
11 de abril de 2002


Brasil

Serra anuncia privatização da Petrobrás


Laerte Braga


O senador José Serra, candidato do governo à sucessão de FHC, em entrevista a uma rede de televisão a cabo, “estatal”, no Brasil, anunciou a nova etapa do processo neo liberal em curso no País: a privatização da Petrobrás.

O ex ministro da Saúde foi claro e enfático em suas declarações: “havendo concorrência os preços baixam. Como está a gasolina vai ser sempre cara”. É o sinal.

O que o candidato não disse é que a empresa de petróleo estatal custeia campanhas políticas e promocionais de figuras do governo, através de operações destinadas a burlar a lei. Por ser uma empresa opera com mais facilidade, sem determinadas amarras do espectro legal, como por exemplo, monitorar o governo com pesquisas de opinião pública desde o primeiro momento de FHC.

O discurso do candidato tucano vem no mesmo diapasão do privatismo que cercou a primeira campanha de Fernando Henrique: competitividade e eficiência. O resultado está na medida provisória editada pelo governo e que cobra do consumidor os prejuízos das empresas privadas que operam no setor de energia elétrica. Até 2010 o cidadão brasileiro vai estar pagando para a iniciativa privada sair do sufoco.

A diferença é que a maioria da população já percebeu que o processo que privatizou os setores de telefonia, energia, ferro/aço e outros mais, foi um grande embuste, uma única privatização de fato aconteceu: a do Estado brasileiro e, consequentemente, do dinheiro público.

É mais fácil arrancar alguns milhões de dólares do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – para a “Globo/Cabo”, à guisa de “negócio lucrativo”, do que 10% do que é gasto para socorrer o capital privado, com a saúde, por exemplo.

José Serra, em sua entrevista, num primor de cinismo, afirma que o Ministério da Saúde, onde esteve por largo período, “vacilou” no combate à dengue, “mas não fez nada de errado”. O vacilo teria acontecido por desconhecimento da força da doença e do mosquito transmissor, o “aedes egipty”. A dengue é uma realidade no Brasil desde o fim do governo Sarney e as declarações de José Serra só fazem confirmar que é um mentiroso lato senso.

Essa história de concorrência da Petrobrás vem com todos os ingredientes solertes e sórdidos do processo neo liberal que transformou o Brasil, de nação, em uma espécie de condomínio do sistema financeiro internacional e das corporações, sob a batuta do FMI, que, por sua vez, está sob a batuta de Washington.

Em nenhum instante o candidato do Departamento Estado norte-americano fala na eficiência e nas conquistas da estatal de petróleo, uma das maiores empresas do mundo no setor. Nem do que a Petrobrás representou e representa para o Brasil em termos de conquistas para além da questão do óleo. Em tecnologia, por exemplo. Da importância para a soberania nacional, ao longo de toda a sua história.

Ávido para mostrar-se à altura da “confiança” que os patrões depositaram nele, a de ser o futuro gerente do Brasil S/A, começa a mostrar as garras e a revelar que um eventual eleição sua vai significar uma nova fase no processo neo liberal em curso no Brasil desde a ascensão de Fernando Henrique, o atual gerente.

A candidatura de José Serra enfrenta algumas dificuldades. As últimas pesquisas mostram que o candidato estacionou nos 19% e corre o risco de ser ultrapassado por outro político que faz qualquer negócio para vir a ser o gerente: o ex governador Anthony Garotinho.

Isso torna líquido e certo que, num determinado momento, os célebres dossiês contra Garotinho vão aparecer. Como Roseana, é outro pilantra, assim como Serra. A disputa é apenas entre máfias, sobre quem fica com a chave do cofre e a parte maior dos “negócios”.

O processo eleitoral brasileiro enfrenta dificuldades para além da simples escolha de candidatos (presidente (nominalmente), governadores, 2/3 do Senado, totalidade da Câmara Federal e assembléias legislativas). O presidente do extinto Tribunal Superior Eleitoral, hoje secretaria eleitoral do Executivo, é um ministro da STF – Subalterno (ex Supremo) Tribunal Federal – Nelson Jobim, auto proclamado (sem piscar ou ficar vermelho) “líder do governo no Judiciário”.

Para além de sua competência, o ministro forçou a decisão de verticalizar as coligações, ou seja: partidos coligados nacionalmente também terão que sê-lo nos estados, forçando a barra para o candidato do governo e, tem no voto eletrônico, sem nenhum controle externo, fechado e criptografado num programa montado por empresa privada e sob cuidados da ABIN – Agência Brasileira de Informações – a certeza de que, se tudo der errado, restam os votos... As totalizações.

Jeff Bush vai manifestar, com toda a certeza, interesse nesse programa para evitar o vexame das eleições de 2000, na Flórida e garantir a reeleição do irmão, George Bush. Em matéria de fraude a tecnologia nacional é bem mais limpa que a norte-americana. À prova de erros ou dúvidas mais consistentes. Só a certeza da própria fraude.

A entrevista de José Serra repercutiu nos meios de comunicação de massas como um todo e o candidato tucano não fez mais que falar para dentro, assegurando aos controladores que nada será diferente, embora tente parecer, aos olhos dos eleitores, como alguém melhor que FHC. Sabe que isso é fundamental, pois sabe que pior não existe. Só que são a mesma coisa. Ipsis literis.

É além do mais, no próprio governo existem desafetos de Serra, como Pedro Malan, a principal figura do FMI no Brasil (ocupa a gerência da Fazenda) ou o gerente dos negócios de George Soros, Armínio Fraga, destacado para o Banco Central.

Há quem aposte que Serra não agüenta até o final: o prefeito do Rio, César Maia, do PFL – Partido da Frente Liberal – e coordenador da campanha de Roseana. Mas é só palpite. Serra é decisão dos donos e por isso é preciso estar atento, pois são capazes de tudo.



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