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La insignia
5 de julho de 2007


Valter Pomar

«Está em curso um processo
de aproximação entre a UE e o Mercosul»


PT. Brasil, julho de 2007.


O encontro de cúpula entre Brasil e União Européia, iniciado nesta quarta-feira (4) em Portugal, é importante para que o país diversifique e aprofunde suas relações diplomáticas - do ponto de vista econômico e político -, mas não pode colocar em segundo plano os interesses prioritários do governo brasileiro nessa área, entre eles a integração sul-americana.

Essa é a opinião do secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, para quem a política externa do governo Lula já deu provas de que esta fundamentalmente a serviço deste projeto de integração.


-Quais os significados político e econômico, para o Brasil, da Cúpula com a União Européia iniciada hoje?

-O governo brasileiro já afirmou, diversas vezes, suas prioridades de política externa, entre elas: a integração continental, as relações Sul-Sul e a África. Isto posto, o Brasil mantém relações bilaterais e multilaterais as mais diversas, por exemplo com os Estados Unidos e com a União Européia. Estas relações são importantes comercialmente e também para quem deseja conter o militarismo do governo norte-americano. Agora, a orientação política da maioria dos governos europeus, somada a sua atitude nas negociações comerciais internacionais, não endossa ilusões.

-De que maneira a nova "parceria estratégica", anunciada como o centro das discussões da Cúpula, pode prejudicar os interesses do Mercosul?

-Nem sempre o jargão diplomático pode ser tomado ao pé da letra. Vivemos num mundo onde impera o conflito, econômico, político, militar. Nestas condições, nossa parceria estratégica (no sentido mais forte desta palavra) é com nossos vizinhos de continente. Isso não impede, pelo contrário, que o país diversifique e aprofunde outras relações, bilaterais e multilaterais. Mas sem colocar em questão ou em segundo plano a integração continental. Aliás, é bom lembrar que está em curso um processo de aproximação entre a União Européia e o Mercosul, além do diálogo entre a UE e América Latina e caribenha.

-Setores da grande imprensa afirmam que um dos objetivos da Europa, com a Cúpula, seria o de isolar governos da América do Sul com discurso "mais antiimperialista" do que o brasileiro, como Venezuela e Bolívia. O que o Brasil deve fazer para evitar esse jogo?

-O imperialismo não é um discurso, logo também não será derrotado com discursos. Para enfrentar a herança de dependência e as pressões atuais, principalmente as originadas dos Estados Unidos, é preciso entre outras ações integrar o continente. Integração não apenas comercial, mas também de infra-estrutura e energética, cultural e de comunicação, de Defesa e política, de governos e de povos. A política externa do governo brasileiro está, no fundamental, a serviço deste projeto de integração. E, com os limites que conhecemos, é um ponto de apoio para quem é antiimperialista. Claro que há governos e povos que, por sua correlação de forças interna, podem e precisam fazer mais do que fazemos. Mas é preciso perceber que a existência de um governo como o nosso, no Brasil, é uma das variáveis que pesa em favor da esquerda, na atual correlação de forças latino-americana.

-Nesse sentido, como você avalia o "ultimato" dado pelo presidente Hugo Chávez aos parlamentos do Brasil e do Paraguai, para que ratifiquem em três meses a adesão da Venezuela ao Mercosul?

-Eu avalio que a vida é dura... O Mercosul de hoje não é o Mercosul dos anos oitenta. O nome de fundação segue o mesmo: "Mercosul", logo, com ênfase nos mercados. Mas o conteúdo é diferente, por dois motivos: primeiro, porque há vários governos progressistas e de esquerda na região; segundo, porque o modelo norte-americano de integração fracassou e mesmo governos conservadores estão buscando alternativas. Claro que o Mercosul não é o ponto de chegada, o objetivo máximo da política externa da esquerda brasileira. Trabalhamos com a idéia de uma integração mais ampla, que se traduz por exemplo no projeto da Casa, hoje Unasur. A direita brasileira, que é viúva da Alca, não quer o Mercosul, não quer a Unasur, não quer a integração continental. Por isso, utilizam todo pretexto para atacar a integração. Ontem foi o contencioso com o gás da Bolívia. Anteontem foram as dificuldades com o Uruguai. Amanhã vai ser Itaipu. E hoje é a Venezuela. Tomando como pretexto o caso RCTV, depois a declaração do presidente Chávez sobre o Congresso brasileiro e agora o suposto "ultimato", os parlamentares da direita querem impedir a aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul. A direita brasileira não pensa nos interesses estratégicos do Brasil e de sua relação com a Venezuela, interesses que transcendem os atuais governos de Lula e Chávez. Por outro lado, temos esperança de que o presidente Hugo Chávez se aperceba de que determinadas declarações dão pretexto para a direita brasileira atacar o Mercosul. A não ser, é claro, que ele acredite que o Mercosul não vale a pena.



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