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28 de setembro de 2007

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Iberoamérica
Brasil

Para entender Lula na ONU


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, setembro de 2007.

 

O discurso do presidente Lula na ONU contém sutilezas comuns à arena diplomática e de negociações econômicas mundiais.

O Protocolo de Kioto tem dois princípios básicos de atuação:

1. Diferenciação entre países pobres e ricos.
2. Mecanismos financeiros de estímulo à redução das emissões de carbono.

Nesse modelo, os países desenvolvidos se enquadram em metas de redução da emissão de carbono; os países emergentes não.

Com isso, cada projeto em país emergente que resulte em redução na emissão de carbono, é passível de gerar créditos. As indústrias que vierem a se instalar nos países desenvolvidos e que, de alguma maneira, despejem carbono na atmosfera, terão que comprar dos emergentes créditos correspondentes.

A partir daí, desenvolvem-se lutas diversas entre países e setores. Países desenvolvidos, por exemplo, querem que os emergentes se submetam a metas de emissão. Ocorrendo isso, os emergentes poderão perder os chamados créditos de carbono.

O segundo ponto de confronto é em relação ao etanol. Hoje em dia é o combustível alternativo mais viável. Mas depende da criação de uma infra-estrutura para se tornar irreversível. Para postergar a expansão do etanol, adversários têm brandido argumentos como o conflito "alimento x energia".

Entendido esse roteiro, vamos aos principais trechos do discurso do Lula. Aqui ele enfatiza a importância do tratamento diferenciado entre emergentes e desenvolvidos:

"A eqüidade social é a melhor arma contra a degradação do planeta. Cada um de nós deve assumir sua parte nessa tarefa. Mas não é admissível que o ônus maior da imprevidência dos privilegiados recaia sobre os despossuídos da Terra.".

Aqui, ele acena com a possibilidade dos emergentes aderirem às metas, mas sem abandonar os incentivos financeiros:

"Necessitamos de metas mais ambiciosas a partir de 2012. E devemos agir com vigor para que se universalize a adesão ao protocolo. (...) O Brasil propôs em Nairobi a adoção de incentivos econômico-financeiros que estimulem a redução do desmatamento em escala global".

Aqui, fala sobre o ponto fraco da sustentabilidade ambiental brasileira, as queimadas e o desmatamento na Amazônia. Evita mencionar que uma das causas da redução do desmatamento foi a crise da soja no Brasil.

"O Brasil tem feito esforços notáveis para diminuir os efeitos da mudança do clima. Basta dizer que, nos últimos anos, reduzimos a menos da metade o desmatamento da Amazônia".

Finalmente, a defesa dos biocombustíveis:

"Os biocombustíveis são vitais para construí-la (a nova matriz energética). (...) No Brasil, com a utilização crescente e cada vez mais eficaz do etanol, evitou-se, nesses 30 últimos anos, a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. (...) O etanol e o biodiesel podem abrir excelentes oportunidades para mais de uma centena de países pobres e em desenvolvimento na América Latina, na Ásia e, sobretudo, na África".

 

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