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8 de setembro de 2007

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Brasil

Painel de controle da crise


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, setembro de 2007.

 

Ontem a Agência Dinheiro Vivo promoveu uma mesa redonda com três agências de risco: a Fitch Rating, a Standard & Poor’s e a brasileira Austin Raing para um primeiro balanço da crise internacional, provocada pelo mercado de crédito hipotecário dos Estados Unidos.

A avaliação é unânime. A primeira onda da crise aparentemente foi contida. Os Bancos Centrais atuaram rapidamente, injetaram liquidez na economia internacional, segurando o efeito-manada. Desde a crise da Coréia, e da crise de 2001 e 2002, as agências de risco passaram a incorporar um elemento novo em suas análises, esse efeito-manada dos mercados.

O papel dessas agências é analisar a capacidade de pagamento de empresas, títulos ou países. Até 2002, por exemplo, na análise do endividamento de um país nunca havia sido considerado o crédito para exportações. Em geral esses financiamentos têm garantias maiores, e não havia histórico de inadimplência por parte dos tomadores.

De repente, em 2002 o Brasil virou de pernas para o ar. Os chamados fundamentos da economia continuaram os mesmos. Mas, da noite para o dia, os bancos internacionais decidiram que não iriam mais financiar sequer as exportações. Foi um Deus nos acuda, um terremoto que o país conseguiu atravessar graças ao Banco do Brasil, aos bancos privados nacionais, a alguns bancos europeus que se mantiveram firmes e a Bladex – um banco latino-americano, com sede no Panamá, e que tem como sócios países.

A crise de 2002 foi decorrência, em grande parte, do aumento da sensação de risco por parte dos grandes bancos, depois que se descobriram problemas na contabilidade de grandes corporações norte-americanas.

O trabalho das agências de risco consiste em analisar os balanços e os documentos que lhes chegam às mãos, partindo do pressuposto que são fidedignos. Para driblar os controles das autoridades americanas, muitas empresas montaram outras empresas em paraísos fiscais, onde descarregavam suas operações mais arriscadas. Depois meramente incorporavam os resultados dessas empresas em seus balanços. Quando se aprofundaram as análises, descobriu-se que muitas delas escondiam operações de extremo risco.

Sem parâmetros de informação, o mercado entrou em curto-circuito.

De certo modo, a insegurança atual decorre da falta de informações fidedignas sobre a extensão da crise do “subprime” (hipotecas de alto risco nos EUA). Na verdade, em toda essa crise, apenas 5% dos financiamentos habitacionais correm risco de inadimplência. Esse percentual está longe de configurar uma crise sistêmica. Mas como o mercado estava muito aquecido, serviu como espoleta para deflagrar um processo de ajuste de preços para baixo.

Para se ter uma idéia da extensão da crise se terá que aguardar as próximas semanas, a divulgação dos balanços das instituições financeiras internacionais. Os balanços poderão revelar quem sofreu ferimentos profundos, leves ou saiu ileso.

O segundo ponto é identificar os desdobramentos da crise de crédito na atividade econômica mundial. Ponto relevante é acompanhar a situação da China – já que, com o desaquecimento dos Estados Unidos, é o país que garantirá o ritmo de crescimento mundial.

 

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