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La insignia
14 de março de 2007


Brasil

A diplomacia do álcool


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, fevereiro de 2007.


Para analisar os resultados do encontro entre George W. Bush e Lula, é necessário entender um pouco a lógica diplomática e comercial norte-americana.

O grande avanço possível é o acordo para transformar o etanol em "commodity" - ou seja, em produto padronizado. Conquista-se esse status padronizando o produto. Conquistado esse status, há desdobramentos relevantes, o principal dos quais a criação de um mercado internacional de etanol, com a produção mundial obedecendo às especificações.

Esse é o ganho líquido e certo. O restante são hipóteses. E aí entra a grande volatilidade que marca a diplomacia comercial americana, da qual o Brasil foi beneficiário e vítima dos anos 40 aos anos 70.

No início dos anos 40, Franklin Delano Roosevelt, estimulado por seus assessores Sumner Welles e Nelson Rockefeller, acertou um projeto de desenvolvimento para o Brasil.

Compromisso firme e garantido... enquanto Roosevelt viveu. Foi relevante, permitindo a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Esse clima de boa vontade foi essencial para que grandes amigos do Brasil, como o embaixador Adolfo Berle Jr ajudassem a bloquear as ações da Standard Oil, visando impedir a implantação de refinarias no país.

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Morto Roosevelt, substituído por Truman, os compromissos mudaram. Em vez de financiar o desenvolvimento, sucessivas missões foram incumbidas de "ensinar" o Brasil a buscar fontes internas de financiamento para seus projetos.

Foi assim com o Plano de Reaparelhamento Econômico, as Missões Cooke (42-43), Abbink (1948) e o Plano Salte (1946-1950) até desaguar no chamado Plano Lafer e na Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, passando por dois encontros diplomáticos decisivos, a III Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, e a IV Reunião, já nos anos 50.

Esse é o acervo de iniciativas que permitem deslindar o período, um tempo em que o Brasil aprendeu a identificar seus pontos críticos, a planejar seus projetos e a política econômica a ganhar foco. Mas, recurso que é bom, entrou muito pouco.

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Nos anos 40, a prioridade no Brasil durou o período exato da Segunda Guerra. Terminado o conflito, a Europa tornou-se prioritária, sendo beneficiada pelo Plano Marshall.

No final da década, houve outra ação decisiva, em cima da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos. Foram definidos projetos em que os EUA entrariam com recursos, atrelados à contrapartida de recursos brasileiros.

As intenções esbarram em dois problemas. Do lado brasileiro, a inclusão de muitos projetos acima da capacidade do país de entrar com contrapartidas. Do lado americano, a eclosão da Guerra da Coréia, que inverteu novamente as prioridades do Império.

Mais tarde, a ajuda foi retomada com John Kennedy, tendo o mesmo Berle Jr como inspirador. Morto Kennedy, morreu a prioridade.

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Depois disso, já no governo Geisel as relações entre ambos os países entraram na geladeira. Houve aproximação entre Fernando Henrique Cardoso e Clinton; e agora entre Bush e Lula. Mas o interesse de Bush parece muito mais o de contentar o eleitorado hispânico dos EUA do que tratar o Brasil como parceiro prioritário.

BC e dólares - 1

Em 2005, o Banco Central passou a autorizar os exportadores a manterem os dólares fora do país até 210 dias após as vendas. Em vez de ser um movimento destinado a reduzir a volatilidade do dólar, serviu apenas para ampliar a especulação. Devido às altas taxas de juros, o exportador não apenas internaliza imediatamente os dólares como faz venda antecipada de exportações, derrubando ainda mais as cotações.

BC e dólares - 2

Quando houver um refluxo dos dólares, essa liberalidade do BC provocará um efeito inverso. Suponha que haja uma fuga de dólares do país, que possa provocar desvalorização do câmbio. Imediatamente os exportadores irão reter os dólares, ampliando o movimento de desvalorização. Criou-se o que em economia se chama de movimento pró-cíclico. A decisão do BC radicaliza os movimentos do dólar em qualquer direção.

Os BC e o Brasil

Na reunião anual em Basiléia, Suíça, a opinião dos principais banqueiros centrais do mundo é que o Brasil perdeu a grande oportunidade de começar a crescer. Daqui para a frente, entra em cena a chamada volatilidade, movimentos nervosos para baixo e para cima, com os fatos econômicos nos Estados Unidos afetando a política econômica interna. E o BC brasileiro ainda se considera bem-sucedido.

Produção industrial

Segundo dados de ontem do IBGE, em janeiro de 2007, a produção industrial teve quedas em São Paulo (-1,0%), Minas Gerais (-0,9%), Rio Grande do Sul (-1,0%), Pernambuco (-1,5%), Espírito Santo (-2,7%), Paraná (-3,4%) e Ceará (-3,5%), em relação ao mês anterior. Entre janeiro e dezembro últimos, os índices regionais da produção industrial ajustados sazonalmente mostram queda em sete dos quatorze locais pesquisados.

Fator de risco

O grande indicador que o mundo acompanha é do setor imobiliário americano. Especialmente do mercado que negocia títulos de financiamentos de alto risco. No ano passado houve uma explosão da inadimplência nessa área, assim como da retomada de imóveis. O receio é que esse fenômeno acabe se propagando para outros mercados, inibindo a tomada de crédito. E que provoque um efeito-cascata sobre outros mercados.

IBRE e INSS

A última Carta do IBRE, da FGV, sobre o déficit da Previdência, depõe contra um órgão histórico. Conseguiu produzir um apanhado de análises já publicados na mídia, algumas totalmente descabidas, como a idéia de que o miserável, sub-empregado, não irá querer se filiar ao INSS, porque sabe que aos 65 anos terá aposentadoria automática. Não houve competência sequer para produzir análises próprias.



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