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La insignia
5 de julho de 2005


O rapé branco de Leoné contra Brancaleone


Fernando Soares Campos
La Insignia. Brasil, julho de 2005.


Ontem recebi um estranho "script" (cópia abaixo) na minha caixa de correspondência eletrônica.. O remetente, seja lá por que razão, não se identifica, fiquei conhecendo apenas o seu e-mail: cjpf@superig.com.br

Não creio que o "cjpf" tenha alguma relação com a sigla da Criminal Justice Policy Foundation (CJPF), uma instituição com sede em Silver Spring, Maryland, EUA. Em todo caso, a "peça" que o meu semi-anônimo correspondente me enviou tem tudo a ver com "criminal", "justice" e "policy" - desde que esse último refira-se a "orientação política", ou, mais precisamente, a um "programa de ação", com muita "sagacidade", "astúcia". Porém, apesar de se revelar uma "bad policy", não me parece que se trate de uma ação oriunda da "domestic policy" isoladamente, tem cheiro de "foreign policy". Não de maneira aleatória; porque, nas últimas semanas, aqui no Brasil incrementou-se uma onda de somente "to do s.th from motives of policy". Contudo sem observar que "honesty is the best policy".

Entretanto, voltemos ao princípio.

A obra inacabada que me enviaram intitula-se "Tá dominado", uma suposta sátira às atitudes políticas e administrativas do governo Lula da Silva.

O(s) autor(es), infelizmente, só me mandaram o que chamam de "Primeiro Ato". E isso não se faz com nenhum escritor que se preze. Portanto resolvi dar continuidade à peça. Escrevi o "Segundo Atoleiro"

Vejam como ficou:

Tá dominado

Primeiro Ato - autor(es) anônimo(s)

Entre goles de destilados finos ouviu-se o grito de guerra do marechal no Planalto. Seu júbilo era compartilhado apenas pelos dois generais de sua absoluta confiança:

O braço esquerdo: General DIRTeu, figura forte, seu passado congelava o sangue dos adversários. A sua especialidade é a infantaria em combate corpo a corpo. DIRTeu acompanhava o Marechal nos destilados mas a cada rodada esvaziava discretamente o copo nos vasos próximos.

O braço direito: General Dudu Galo, sibilino, especialista em guerra adversa, insidioso, aparentemente inofensivo mas mortífero a médio e longo prazo. Muito fino Dudu degustava um tinto francês de estirpe.

Embriagado pela vitória que parecia sorrir-lhe em mais uma batalha, o marechal repassava em voz alta o plano de combate passo a passo:

1 - Dudu Galo avança pelo planalto com vastas verbas publicitárias, já começamos a amaciar o inimigo com as inserções de publicidade da ECT em toda a mídia escrita, falada e televisada e uns pitacos na internet. O forte do ataque será meu discurso, vai ser artilharia pesada. Na primeira salva, pesada, vamos invadir o íntimo emocional das massas, depois prosseguiremos com granadas (peças já previamente destacadas do primeiro ataque) e reforçaremos o estímulo. Segundo os manuais da Pavlov e estudos posteriores de psicologia de massa a eficácia será de 50%.

2 - DIRTeu ataca pela planície. O ataque será retardado para dar tempo à artilharia do General DUDU. Enquanto a artilharia martela General DIRTeu comandará escaramuças para minar as forças do inimigo, um apedrejamento aqui, um achincalhamento ali, uma ocupação acolá, um linchamento ocasional e, importante! Patrulhamento e alerta. Na segunda fase deste faremos se necessária uma carga de infantaria capitaneadas pelos batalhões MST e CUT com baionetas caladas.

3 - Ataque ao QG inimigo. O centro de comando inimigo deve ser paralisado, se não for possível deve ser bastante amortecido. Os fantasmas do passado devem agigantados. Uma CPI para investigar a grande mamata das capitanias hereditárias deve ser priorizada, em seguida o mensalão da proclamação da república devem ser lançado, não ficará pedra sobre pedra, tudo deve ser passado a limpo.

4 - Guerra Adversa: Conforme aprendemos com nossos inimigos durante a ditadura, quer dizer, conforme ouvimos dizer, a consciência é o principal alvo do inimigo e portanto também o nosso. Como sabemos, nem o planalto nem a planície sabem direito o que se passa. No planalto ninguém quer muita marola pois um gole deste mar é indigesto, melhor ficar todo mundo quieto. Na planície a galera já está na chibata do cotidiano, na derrama, basta então relativisar, e a artilharia mole aqui é muito eficiente. Então esta será nossa arma principal nesta frente. Trabalho insidioso, munição mole de todos os órgão da administração direta e indireta. Inserções na mídia como as páginas inteiras dos correios (ECT) garantindo à população que o "pequeno" incidente já foi apurado e devidamente punido, a empresa é clara e transparente, na mosca. Isso funciona em termos de massa. A maior parte não sabe o que aconteceu mas sabe que não é novidade, ouve a explicação como uma satisfação inócua e vai a luta senão perde o trem. Esta munição é abundante e o inimigo não tem arma igual. Essa frente é importantíssima mas da retaguarda, um trabalho perfeito para o General Kuniken. Ele é tão discreta pra essas tarefas que nem está aqui!

5 - Ataque de Cooptação. Mais do mesmo. Isso mesmo, quem disse que o mensalão não é uma boa arma? O problema com o Bob Jéferson foi apenas de mira e calibre. Se usada adequadamente esta arma é insuperável, portanto este ataque colocará na mira o PMDB. O tiro deve ser muito maior, será "dote", ministério de porteira fechada ou que eles quiserem "por fora".

Enquanto o marechal confiante repassava os planos de ataque General DIRTeu meio ressabiado tentava reagir: "- Mas marechal, eu na planície, no meu governo, eu na planície ? O Sr. não acha melhor pegar o Aerolula e ir dar um volta na Europa enquanto eu resolvo este probleminha, afinal é só um probleminha ... As exportações geradas pela infraestrutura montada pelo FH estão de vento em popa, a política "neo-liberal" está se mostrando de muita eficiência, porque vamos dar corda neste golpe branco ? Deixe comigo, a grande imprensa é nossa, chamo o MST, a CUT, os notáveis e o "resto" do movimento social e impalamos o Roberto Jéferson em praça pública !

E o marechal meio em dúvida retruca - Você acha que o problema é o Bob ? Mas e o cheque em branco que dei a ele ? Ele é um dos nossos, está apenas contrariado. O problema são esses golpistas, são de oposição, esses são mortíferos.

Fim do primeiro ato


Segundo Atoleiro

-por Fernando Soares Campos-

Enquanto o general Jeff Sonso recebe os primeiros socorros devido a uma coronhada que tomou no olho esquerdo, do outro lado do front dois marechais disputam os louros da estupenda vitória que conquistaram naquela desleal batalha contra o que eles mesmos denominaram Exército de Brancaleone.

O marechal Piro, cujo nome vem de pirar depois de cafungar, reclamava, culpando o marechal-de-ferro-velho Pirando Garboso pelas inúmeras baixas que sofrera em sua Divisão de Infantilaria.

Mal. Piro: - Garboso, Vossa ex-Excelência se excedeu na dose (sniff). O agente laranja que a Força Aérea descarregou sobre as tropas inimigas atingiu as nossas fileiras e fez muitas vítimas entre nós mesmos. Desfolhou as nossas próprias arvores verdinhas. Com isso a soldadesca de Brancaleone pôde enxergar a nossa linha de frente e atacou pela direita atingindo o olho esquerdo do nosso general Jeff Sonso (sniff).

Mal. Pirando: - Vossa expurgada Excelência sabe muito bem que os fins justificam os meios. Além disso, o general Jeff Sonso nos deve a cabeça, tronco e membros da Fundação Policial de Justiça Criminosa, os enviados de God, muitos tombados nessa guerra suja.

Mal. Piro: - Mas poderíamos ter usado, no lugar do Agente Laranja (sniff), o nosso rapé branco, adquirido na boca do Leoné. Assim, nosso plano seria perfeito (sniff).

Mal. Pirando: - Pode explicar melhor, expurgada Excelência?

Mal. Piro: - Ora! Marechal Garboso, foi V. ex-Excelência mesmo, com esse vosso espírito-de-porco-sarcástico, quem denominou o inimigo, apropriadamente, Exército de Brancaleone (sniff).

Mal. Pirando: - Sim, e daí? Onde Vossa expurgada Excelência quer chegar com todo esse nhenhenhém?

Mal. Piro: - E daí?! (sniff) E daí que, se tivéssemos despejado algumas toneladas do nosso rapé branco, fornecido pela boca do Leoné, eles seriam obrigados a cafungar e mais facilmente seriam identificados como iguais a nós, o Exército do Rapé Branco de Leoné. (sniff). Vai uma carreira? - Mal. Piro ofereceu o espelhinho pulverizado ao Mal. Pirando.

Mal. Pirando: - Não, obrigado. Prefiro vodka neolibertal. Isso não funciona mais. Eles não estão respeitando nem o filho do Rei. Tão encanando todo mundo. E esse é o nosso problema. Vamos ficar sem caixa para a batalha de 2006. Se tiver batalha! Porque, antes disso, precisamos derrotar de uma vez por todas o Brancaleone Tupiniquim. Nossa esperança ainda é a traidora Dulcinéia Karinho.

Mal. Piro (cantando desvairado): - "Mujer, si puedes tu con God hablar, pregúntale si yo alguna vez te he dejado de adorar..."

Caem no segundo atoleiro...



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